O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quinta-feira, ao anunciar as mudanças na caderneta de poupança, que os fundos de investimentos terão que reduzir as taxas de administração cobradas dos clientes e que reduzem a remuneração da aplicação. Segundo ele, os fundos estão cobrando taxas elevadas, de 2% a 4% ao ano.
Continua depois da publicidade
– Com este movimento de redução da rentabilidade dos fundos e a mudança na poupança, as instituições financeiras terão que mudar as taxas para tornar os fundos competitivos – disse.
Mantega afirmou que a alteração na poupança não tem relação direta com o mercado de capitais, que, segundo ele, é o melhor mecanismo para captação das empresas.
– Elas estão captando barato – disse.
Continua depois da publicidade
Ele assegurou ainda que não haverá mudanças nas regras de direcionamento dos recursos da poupança. A área habitacional continuará a receber o porcentual de 65% de aplicação desses depósitos, mesmo dos novos.
– Não muda qualquer outra regra. Todas as demais regras continuam iguais.
Mantega disse ainda que é desejável que os recursos para esse segmento continuem aumentando, porque é o setor que tem mais crescimento de crédito.
COMO É ATUALMENTE
A poupança rendia 0,5% ao mês, mais a Taxa Referencial (TR), que é uma média calculada sobre rendimentos em CDB e atualmente está próxima de zero. O rendimento líquido é de pelo menos 6,17% ao ano. Dependendo da TR, poderia subir.
Continua depois da publicidade
COMO FICARÁ
Em caso de taxa Selic menor do que 8,5%, mantém-se o critério atual de remuneração: 0,5% ao mês + Taxa Referencial (TR).
Se o juro básico for reduzido para 8,5% ao ano ou menos, a caderneta de poupança passa a ser remunerada pela variação da TR mais 70% da Selic.
ENTENDA O CENÁRIO
O PROBLEMA DOS APLICADORES
Quando o juro básico (Selic) cai muito, as aplicações em fundos de investimentos podem ter remuneração até menor do que a da caderneta de poupança, pois esta está livre de imposto. Em estudo da Anefac, foram feitos 20 cenários possíveis de rentabilidade dos fundos e da taxa de administração cobrada pelos bancos. Com a Selic a 9%, os fundos só são mais rentáveis em quatro cenários: fundo com taxa de 0,5% ao ano aplicado pelo período de seis meses a um ano (IR de 20%), um ano a dois anos (IR de 17,5%) e acima de dois anos (IR de 15%), além de fundo com taxa de 1% aplicado por mais de dois anos.
Continua depois da publicidade
O PROBLEMA DO GOVERNO
Se houver uma corrida às cadernetas de poupança, os bancos terão de oferecer mais recursos do que ofertam atualmente para o mercado imobiliário, porque 65% dos recursos depositados na poupança têm de ser aplicados nesse mercado. Mas o maior problema para o governo é o fato de que grande parte dos fundos tem em suas carteiras títulos da dívida pública. Ao aplicar, o investidor ajuda a refinanciar essa dívida. Se não houver aplicadores – na prática, pessoas comprando títulos da dívida do governo -, o débito não é rolado, e é preciso desembolsar dinheiro para quitar.