Paquito D’Rivera e Trio Corrente apresentam show do disco “Song for Maura” em Florianópolis

Não é preciso falar alemão para apreciar a música de Wagner, francês para tocar Ravel ou português para desfrutar as belas criações de Jobim. Jazzista de primeira, o celebrado saxofonista cubano Paquito D’Rivera encontrou no Trio Corrente a parceria perfeita para explorar uma de suas obsessões: a música brasileira. Juntos eles lançaram Song for Maura, disco saudado pela crítica e coroado com o Grammy de Melhor Álbum de Jazz Latino no começo do ano. Hoje a turnê desse show chega a Florianópolis em apresentação única no Teatro Pedro Ivo.

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Será a primeira vez que eles se apresentam na Capital – cidade natal de Edu Ribeiro, baterista do Trio. Com quase 10 anos de trajetória, o grupo que também é formado Fabio Torres (piano) e Paulo Paulelli (baixo) estreou na Ilha somente em abril durante o Jurerê Jazz Festival.

– Acho que os brasileiros conseguiram a mais equilibrada combinação de melodia, letra, harmonia e ritmo do mundo – afirmou Paquito, em entrevista por e-mail, para justificar a paixão pelo Brasil e a tão frutífera parceria.

Song for Maura é uma homenagem à Maura Figueras, mãe do saxofonista, e também uma celebração da brasilidade. O repertório é formado por composições do cubano, de Torres (criador dos arranjos de 11 das 13 faixas do CD) e de Ribeiro, além de releituras de músicas de Pixinguinha e de Vinícius de Moraes, entre outros. Um disco que combina o virtuosismo de Paquito em improvisos de tirar o fôlego com o talento imponderável dos instrumentistas brasileiros.

A amizade entre eles começou em 2009, num festival de blues e jazz no Ceará. Desde então vêm fazendo shows e parcerias. Song for Maura foi gravado em 2012 e lançado no ano passado.

ERUDITO E POPULAR

Paquito D’Rivera, 66 anos, combina com fluidez o erudito e o popular. É filho de um saxofonista clássico que importava livros do conservatório de Paris para Havana, em 1946.

– Meu pai não tinha talento para improvisar, mas amava Stan Getz, Benny Goodman e Lester Young. Cresci escutando e tocando todo tipo de música. Sempre me interessaram os clássicos como também o jazz – contou.

Ele é vencedor de 10 prêmios Grammy (quatro Grammy Awards e seis Latin Grammy Awards), produz pelo menos um disco por ano e ainda acredita que sempre há algo novo para fazer musicalmente. No momento, por exemplo, está trabalhando no projeto de uma ópera chamada Cecilio Valdés, Rey de La Habana.

Além da música, seu talento flui também pela literatura. Finalizou o primeiro livro digital, Cartas a um Amigo Desconhecido, epistolário com Yeyito, um estudante de música imaginária, e publicou dois livros, entre eles Minha Vida Saxual, em que expõe seu posicionamento político.

– Eu não misturo trabalho com política, mas minha posição de vertical exilado anticastrista e tudo mais é muito clara – afirmou.

Paquito deixou Cuba em 1981, depois de pedir asilo político aos Estados Unidos durante turnê pela Espanha. Porém continua a celebrar sua cubanidade comendo arroz, feijão e banana e interagindo com o pequeno grupo de escritores, pintores e músicos do país no bairro onde mora perto de Nova York.

Agende-se

O quê: show Song for Maura, com Paquito D´Rivera e Trio Corrente

Quando: hoje, às 20h30min

Onde: Teatro Pedro Ivo (Rod. SC-401, 4.600, Saco Grande, Florianópolis)

Quanto: R$ 120, R$ 60 (meia e sócios do Clube Jurerê Jazz) e R$ 90 (Clube do Assinante – titular e acompanhante), à venda nas bilheterias do local e dos teatros Ademir Rosa (CIC) e Álvaro de Carvalho (TAC) e também no Blueticket

Informações: jurerejazz.com / (48) 9934 1681