O fragmento de papiro que levantou a possibilidade de Jesus ter sido casado pode ter sido forjado. Francis Watson, professor do Departamento de Teologia e Religião da Universidade de Durham, na Inglaterra, disse não ter dúvidas de que o documento se trata de uma falsificação.

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O pesquisador afirmou que o texto do papiro seria uma colagem de trechos do Evangelho de Tomé escrito na língua egípcia copta, que teriam sido misturados para sugerir um novo significado.

– O texto foi construído a partir de pequenos pedaços – palavras ou frases – retiradas em sua maior parte dos provérbios 101 e 114 do Evangelho de Tomé em copta, colocadas em um novo contexto – escreveu em artigo publicado online.

Ele até considerou a possibilidade de se tratar de um evangelho antigo, que juntou e reinterpretou trechos de outros textos, como muitos dos evangelhos apócrifos. Não haveria problema nenhum, e nem como chamar o texto de falsificação, se Watson não apontasse que a colagem teria sido feita recentemente.

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– A técnica de composição de textos é provavelmente de um indivíduo moderno, que não é falante nativo do Copta – destacou.

Para provar a tese, Watson cita uma quebra em uma das linhas – uma das palavras aparece pela metade, como se a primeira parte tivesse sido escrita na linha anterior – que teria sido copiada diretamente de outro texto.

Segundo o professor, era comum as palavras serem quebradas no meio nos textos antigos, que não utilizavam hifens, mas a quebra dificilmente apareceria no mesmo lugar em dois textos diferentes, a não ser que o autor não dominasse o idioma.

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– O autor é evidentemente dependente do manuscrito do Evangelho de Tomé em copta, cuja divisão de linhas ele copia. Uma explicação óbvia é que o autor usou uma edição moderna impressa do texto copta, onde a divisão original de linhas foi preservada – analisou.

A historiadora Karen King, que fez a descoberta do pequeno fragmento, ainda não se pronunciou sobre as críticas. Mas, quando sua pesquisa foi anunciada, ela afirmou que o papiro havia sido analisado por dois especialistas no assunto, que confirmaram sua autenticidade.