Passados 40 anos desde o desaparecimento do deputado catarinense Paulo Stuart Wright, surgem novas pistas sobre o que pode ter ocorrido naquele início de setembro de 1973. Documentos obtidos no Arquivo Nacional pelos integrantes da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara (Pernambuco) sugerem que o catarinense pode ter sido levado a Recife.

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A nova suspeita – a versão oficial é de que o deputado desapareceu em SP – é baseada num registro do Serviço Nacional de Informações (SNI) de 21 de dezembro de 1973. No papel está a correção da grafia do nome de um dos três militantes políticos mortos na rua do Cachangá, em Recide, em outubro de 1973. Além de José Carlos Mata Machado e Gildo Moura Lacerda, o relatório fala no sepultamento de Paulo Stuart Wright e não em João Studart Right, como foi registrado inicialmente.

– Ainda não temos como saber o que ocorreu entre a prisão e morte de Paulo Stuart Wright, não sabemos como o corpo dele foi parar em Pernambuco nem se foi mesmo enterrado lá, mas é uma nova pista sobre o caso – disse o pernambucano Manoel Moraes, que integra a Comissão Estadual da Verdade Helder Câmara e nesta quinta-feira esteve em Florianópolis, onde participou de audiência pública que integra a Semana Paulo Stuart Wright.

O corpo do deputado de SC nunca foi encontrado. O último registro histórico envolvendo o caso é o testemunho de uma mulher que teria visto o catarinense no DOI-Codi em SP. Há ainda o relato de um homem que teria reconhecido o casaco dele.

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Coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV), o advogado José Carlos Dias alerta que os dados divulgados ontem colaboram com as investigações, mas tem de ser tratados como suposições. O objetivo é buscar outras informações e confrontá-las com que já se sabe.

Filho do deputado catarinense, João Paulo Wright fala com orgulho sobre a história do pai.

– As primeiras lembranças que tenho do meu pai são da clandestinidade: quando o pai não aparecia, era um verdadeiro desespero – disse João Paulo, único dos três filhos vivo.