O livro infantil Piccolo Uovo (“Pequeno ovo”, em tradução livre), considerado nocivo à família pela prefeitura de Veneza e banido das bibliotecas da cidade, ganhou apoio inusitado direto do Vaticano. O papa Francisco escreveu uma carta à autora da obra, Francesca Pardi, elogiando sua história sobre as aventuras de um ovinho que, durante sua jornada, encontra famílias de animais de todos os tipos. No livro, ele encontra um casal de pinguins gays e de coelhas lésbicas criando suas famílias com sucesso, além de outros modelos familiares, como um hipopótamo que é pai solteiro, um casal de cães de raças diferentes e cangurus que adotaram filhotes de urso polar.
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A obra, no entanto, foi recebida com desaprovação pelo novo prefeito de Veneza, Luigi Brugnaro, que baniu o livro e cerca de outros 50 títulos de colégios e bibliotecas. A decisão levou mais de 250 autores italianos a retirarem seus livros das prateleiras venezianas em protesto à decisão. Mas será que a polêmica pode ser revista após a carta do Pontífice? No documento, está escrito que “Sua Santidade é grato pelo gesto cuidadoso e pelos sentimentos evocados, desejando sempre atitudes frutíferas a serviço das jovens gerações e na difusão de valores genuinamente humanos e cristãos”. O texto é assinado por Peter B. Wells, oficial do secretariado de Estado do Vaticano.
A carta, datada em 9 de julho e recentemente descoberta pelo jornal britânico The Guardian, foi resposta a um carregamento de livros infantis enviado por Pardi ao Pontífice em Junho. O pacote incluía sete ou oito livros que lidam com temática LGBT e foi acompanhado por um depoimento da autora sobre os ataques que sofreu depois do lançamento de obra.
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“Muitas paróquias pelo país estão, atualmente, sujando nosso nome e falando falsidades sobre nosso trabalho, o que nos ofende profundamente”, escreveu Francesca.