Em almoço oferecido nesta quinta-feira pela presidente Dilma Rousseff aos senadores petistas, o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, pediu a palavra para dar explicações sobre sua evolução patrimonial. De acordo com líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), Palocci adiantou aos colegas de partido as explicações que dará ao questionamento feito pelo procurador Geral da República, Roberto Gurgel.
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– As suas respostas à Procuradoria-Geral da República serão as mesmas que ele nos deu. Nos sentimos contemplados porque as respostas foram consistentes. Nada do que foi colocado ao publico é consistente e com provas contra Palocci – disse Humberto Costa ao sair do encontro.
O almoço foi oferecido por Dilma como uma das primeiras tentativas de articulação com a base aliada no Senado, que será responsável agora por conduzir a votação do Código Florestal, aprovado na Câmara dos Deputados na terça-feira.
– Discutimos sobre o Código Florestal, e Dilma manifestou posição firme de que é necessário se ter um texto capaz de beneficiar ao mesmo tempo preocupações com meio ambiente e também com a produção agrícola.
A preocupação que ela nos manifestou é de que, como foi votado na Câmara, ensejará questionamentos internacionais à posição do Brasil. As chamadas barreiras ambientais. Países deixarão de comprar produtos brasileiros pelo fato de termos adotados medidas consideradas antiambientalistas – disse Humberto Costa.
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Além da votação do código, o governo também precisa enfrentar um pedido de convocação do chefe da Casa Civil e um movimento para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a evolução patrimonial do ministro Palocci. Embora a oposição não tenha assinaturas suficientes para aprovar esses pedidos, o governo teme que uma cisão na base possa favorecer o pleito da oposição.
De acordo com os senadores petistas, a atitude da presidente demonstra uma clara posição dela e de seus ministros de se colocarem mais acessíveis aos parlamentares, uma das principais demandas de deputados e senadores da base governista.
– Essa questão foi registrada também durante o almoço. Nos fizemos a presidente ver que é necessário que tenhamos um acesso mais fácil, que possamos ter mais conversas com as pessoas do governo que estão a frente desses debates. Em nenhum momento houve contraposição a essa ideia – afirmou Costa.
No almoço, de acordo com Costa, ficou clara a necessidade de no Senado se adotar uma estratégia diferente da que o governo utilizou durante as negociações com a Câmara.
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– Ter dois polos se enfrentando não é o caminho. A permanecer esse texto da forma que veio da Câmara, os próprios produtores rurais serão prejudicados. Vamos conversar com todos os senadores. Não só com os líderes – disse o senador.
Dilma defende Palocci em evento
Também nesta quinta-feira, a presidente fez uma defesa veemente de Palocci durante uma solenidade pública de assinatura de convênios para a construção de quadras esportivas em escolas, na qual o ministro estava presente.
– Palocci está dando todas as explicações. Espero que essa questão não seja politizada como (foi) ontem – disse a presidente, numa referência à questão levantada pelo PSDB em torno da restituição do imposto de renda da empresa WTorre, para a qual o ministro Palocci prestou consultoria.
Dilma considerou o episódio “lastimável” e explicou que a Receita Federal demorou dois anos para fazer a restituição do imposto de renda à empresa e que uma decisão judicial determinou o pagamento.
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– Não se trata de nenhuma manipulação. Lamento essa questão estar sendo politizada. O Palocci está dando todas as explicações – reafirmou Dilma, completando que o ministro continuará prestando todos os esclarecimentos sobre o aumento do seu patrimônio nos últimos anos.