Mãe da estudante do quinto ano Gabriela Bruxel Wilbert, de 10 anos, a empresária Tatiane Bruxel, 35, acredita que as mudanças não vão trazer uma grande preocupação, mas que os alunos devem dedicar mais atenção durante as aulas, para não precisarem recuperar um grande conteúdo de uma só vez:
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– A dedicação tem que acontecer dentro da sala de aula, quando a professora está explicando, tirar todas as dúvidas, porque não é depois que tira uma nota baixa que você vai correr atrás para buscar a informação. A avaliação é apenas para a professora saber o que as crianças captaram de conhecimento.
::: Blumenau traz novas avaliações aos alunos da rede municipal de ensino
A mãe não se preocupa com a pequena Gabriela, que até hoje nunca tirou notas abaixo da média 6 e sempre foi uma estudante dedicada – diz que não tem uma disciplina favorita porque gosta de todas – e ressalta que as mudanças também devem impactar o modo dos professores ensinarem.
– Também vai muito da forma de aplicar o assunto, talvez de uma maneira mais divertida, trazer a concentração deles para dentro da sala de aula – reflete.
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Professores devem estar preparados para mudanças
Não apenas a nota, mas a forma como os alunos serão avaliados vai mudar a rotina das escolas municipais de Blumenau. A secretária de Educação, Patrícia Lueders, confirma que há discussões sobre a eficiência de avaliações tradicionais:
– Quando se entrega apenas uma ferramenta de avaliação para o aluno, não estamos dando chances de ele mostrar o seu potencial. Ele pode não se dar bem em uma prova de perguntas e respostas, mas explicar oralmente o conteúdo, por exemplo. Dar chance do aluno ser avaliado de diversas formas, seja em uma maquete, um trabalho, ou em uma apresentação é estimular a criança e o adolescente. Para isso, vamos precisar investir em formação de professores justamente para mudar esta concepção de avaliação – completa.
A doutora em Educação e vice-reitora de Graduação da Univali, Cássia Ferri salienta que assim como o processo de aprendizagem se dá por diferente modos a avaliação também.
– Se o professor ensina usando diversos modos, por que avaliar não pode seguir esta mesma lógica? Não é a prova o único instrumento. Ela é necessária e possível, mas o trabalho em equipe vai te dar informações também. O professor precisa entender o aluno em cada um destes instrumentos. Eles têm que compreender que podem e devem utilizar outras formas de avaliação.
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DÚVIDAS SOBRE A NOVA AVALIAÇÃO:
Se o aluno tirar nota 2 em Português e 9 em todas as outras, ele será aprovado? E se for em outra matéria? História, por exemplo. Uma pessoa que não aprende História está preparada para votar, para exercer seus direitos, sua cidadania?
Secretaria de Educação – Além da recuperação ao longo do trimestre, com reforço do que foi aprendido, o aluno precisa ter bom desempenho nas disciplinas que se complementam. Com o novo método ele será ainda mais estimulado a retomar o tema estudado. Antes o aluno aguardava até o fim do ano para fazer o exame final e acabava passando com média 5.
Ilisabet Pradi Krames, doutora em Educação – Esta preocupação dá voz à comunidade, inclusive de educadores, e é pertinente. Mas veja bem: a média, por si só, seja ela 6, 5, 7, 8, o número pelo número não garante a aprendizagem. Hoje mais do que nunca, nós discutimos dentro das escolas e da educação a importância de desenvolver as diferentes habilidades e competências que os alunos têm. Uma delas é privilegiando o trabalho interdisciplinar que exige o diálogo entre várias disciplinas. Então a média global não vai mascarar nada, mas vai sim, no decorrer do processo demonstrar que o aluno pode não ter ido tão bem em uma avaliação especifica, mas como ele usa a Língua Portuguesa em todas as outras disciplinas, ele tem sim domínio e conhecimento daquele conteúdo.
A mudança tem relação com a evasão escolar?
Semed – Não. Hoje em dia, a implantação do Programa de Combate à Evasão Escolar (Apoia) tem sido eficaz ao garantir a permanência na escola de crianças e adolescentes de quatro a 17 anos, para que concluam todas as etapas da Educação Básica – seja na rede municipal, estadual, federal ou particular -, promovendo o regresso à escola daqueles que abandonaram os estudos sem concluí-los integralmente.
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O aluno ainda pode reprovar?
Semed – Sim. Se ele não atingir a média 6 nas disciplinas ou a média global 6,5 ele reprova e repete o ano.
Ficou mais fácil passar de ano?
Semed – Pelo contrário, antes o aluno esperava pelo exame final, que na média final fazia ele passar com nota 5. Por muitas vezes, não havia dedicação do aluno ou esforço para ir bem durante o ano e captar o conteúdo.
Fonte: Secretaria de Educação de Blumenau