Mudanças importantes foram apresentadas semana passada sobre o Ensino Fundamental (do primeiro ao nono ano) da rede municipal de Blumenau. Ao todo, 20,5 mil alunos e 1,4 mil professores terão a rotina alterada nas 50 escolas a partir deste ano letivo. A discussão sobre a alteração no método de avaliação começou no ano passado e na sexta-feira foi oficialmente apresentada aos gestores escolares e hoje a normativa instrutiva será homologada (confira tabela com as mudanças abaixo).
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– Nós lançamos uma sugestão de trabalhar com a média 6 (antes era 7, mas era possível passar com 5), a média global 6,5 e o fim do exame final, além de mudanças na avaliação das disciplinas. Foi feito de forma bem democrática, todas as escolas tiveram a oportunidade de dizer se eram a favor ou contra e encaminharam as sugestões que foram avaliadas e compiladas para chegar ao resultado final – conta a secretária de Educação, Patrícia Lueders.
::: Tire suas dúvidas sobre a nova avaliação
O sistema atual, vigente desde 2005, apresentava necessidade de atualização, revisão e adequação, segundo a Secretaria de Educação de Blumenau. Foram quatro meses para chegar ao resultado atual que propõe a concepção de educação integral – não a de tempo integral, mas sim a de integração entre disciplinas.
Segundo estudiosos da área, as mudanças na avaliação dos alunos é algo que se discute desde os anos 1980 mas que cresceu ao longo das últimas décadas. Afinal a nota, o número em si, não representa o aprendizado do aluno, segundo a doutora em Educação e vice-reitora de Graduação da Univali, Cássia Ferri:
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– Não existe escala que consiga dar conta de fazer a representação do que a criança aprendeu ou não. Por outro lado, para que o aprendizado de fato ocorra, ele precisa ser acompanhado. A grande função da nota numérica ou qualquer escala, na verdade, é permitir que pais e professores acompanhem o processo. Na prática, a criança que tira nota 8 em uma prova, ela te dá uma indicação, a criança que tira 4, ela está te dando outras indicações – ressalta.
O fato do Brasil participar de avaliações que dão visibilidade aos resultados, tanto em âmbito nacional quanto internacional, também alavanca a preocupação sobre o tema. A mudança no sistema de avaliação tem mudado a rotina de educadores e estudiosos:
– Esta é uma discussão, pois é uma avaliação que vai ter uma projeção internacionalmente, claro. Mas eu acredito que as mudanças na avaliação interna da escola são provenientes também da maturidade intelectual dos docentes e das equipes gestoras que se perguntam até onde vai a avaliação. Os moldes que até então vêm sendo desenvolvidos dão conta de mensurar, de registrar e desenvolver na linguagem dos alunos e dão conta de qualificar a escola? – indaga Ilisabet Pradi Krames, doutora em Educação e docente do Núcleo de Licenciaturas da Univali.
Estado também mudou avaliação
No ano passado a rede estadual de ensino também repensou o sistema de avaliação. A média para aprovação que era de 7 passou para 6 e os alunos não têm mais o exame final. A ideia é que o estudante tenha reforço e reavaliação ao longo do ano. A mudança ocorreu referente à resolução 40 publicada pelo Conselho Estadual de Educação em 2016. A medida orientava as escolas a fazer progressão parcial, para que os alunos passassem de ano mesmo sem ser aprovados em todas as disciplinas, mas a secretaria de Educação de Santa Catarina optou por manter a reprovação, com modificações. A medida vale para todas as 1.080 escolas estaduais, tanto para o Ensino Fundamental como o Médio.
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> O QUE MUDA NA AVALIAÇÃO?
Número de avaliações
Antes: os alunos tinham quatro avaliações em Língua Portuguesa e Matemática e três nas demais disciplinas.
Agora: os alunos terão quatro avaliações nas disciplinas com quatro ou cinco aulas semanais, No mínimo três avaliações para disciplinas que possuem duas a três aulas semanais e duas avaliações para disciplinas que têm uma aula semanal.
Novo: é vedado submeter o aluno a um único instrumento de avaliação (prova escrita, trabalho, pesquisa, apresentação, desenho, teatro etc).
Média trimestral
Antes: em toda avaliação que o aluno não atingisse média 7, o sistema previa recuperação paralela e nova avaliação (eliminava a menor nota). Este processo não garantia a recuperação de aprendizagem, pois parte dos alunos nem sequer estudava para a primeira avaliação.
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Agora: a cada avaliação que o aluno não atingir média 6, o sistema prevê recuperação de estudos, que consiste na retomada de aprendizagem, conteúdos que não foram consolidados e uma nova avaliação, ao final do trimestre. A nota da avaliação de recuperação substituirá a menor nota obtida no trimestre.
Nova média anual
É o resultado da média dos trimestres. Se em cada disciplina o aluno alcançar média 6 será aprovado, antes essa média era 7.
Média global
É o resultado da média aritmética das médias anuais de todas as disciplinas. Ou seja, quando o aluno não alcançar média 6 em todos os componentes curriculares será calculada a média global e se atingido 6,5 ele será aprovado.
Média final
É o resultado da média aritmética dos trimestres homologada pelo Conselho de Classe. São considerados os aspectos quantitativos e qualitativos. A média final se aplica para os casos em que os alunos não alcançarem a média global, de 6,5. A reprovação ou aprovação do aluno fica a critério da avaliação do Conselho.
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Fim do exame final
Com a nova média, média global e a média trimestral não haverá mais o exame final, feita no fim do ano escolar.
Avaliação de aprendizagem
A avaliação da aprendizagem, do segundo ao nono ano do Ensino Fundamental terá os registros de notas expressos em uma escala de 0 a 10, ao final de cada trimestre, em cada componente curricular. Para os alunos do primeiro ano, a verificação do rendimento escolar será expressa por meio de avaliação descritiva trimestral, com base nos objetivos de aprendizagem, conteúdos, não sendo admitida a retenção por falta de aproveitamento.
Diferencial: elaboração pela secretaria de Educação, de relatório de acompanhamento em Língua Portuguesa e Matemática, fundamentado nas Diretrizes Curriculares Municipais, a ser disponibilizado a todas as unidades de ensino. Será oferecida formação continuada aos coordenadores pedagógicos a respeito da utilização do relatório e da elaboração da avaliação descritiva.