A constatação feita pelo secretário de Segurança Pública de SC, César Grubba, de que a criminalidade está recrutando os adolescentes no Estado é apenas mais uma das pontas que emergem na discussão em função dos atentados em SC nos últimos três dias.
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::: Novos atentados revelam que há adolescentes à frente dos crimes
Dados obtidos pelo DC mostram que dos 14 adolescentes apreendidos pela polícia por envolvimento nos atentados de novembro do ano passado, três tiveram passagem pelo sistema socioeducativo, sendo que apenas um continua em uma das centros.
Ele tem 15 anos e está na Casa de Semiliberdade de Florianópolis. No seu histórico constam porte ilegal de armas, posse de drogas e roubo. Outro, também de 15 anos, com antecedentes por roubo e tráfico de drogas, fugiu do local em janeiro deste ano. O terceiro foi liberado judicialmente neste mês.
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Os demais adolescentes apreendidos pela polícia por terem ateado fogo em ônibus ou disparado tiros contra unidades policiais não têm passagem no sistema e, provavelmente, foram apreendidos na delegacia e liberados quando apresentados ao Judiciário.
Apesar da inexistência de centro para internação na Grande Florianópolis há dois anos, com a demolição do antigo São Lucas, em São José, o Dease informou que há pelo menos 15 vagas em SC atualmente para a contenção dos infratores.
Para o sociólogo Guaracy Mingard, os adolescente têm que ser apreendidos e encaminhados para a Vara da Infância e Juventude, responsável por tomar as medidas necessárias. Mas a solução, completa, não está em detê-los, porque os ataques param à medida que os integrantes da facção nas ruas, à frente dos crimes, são identificados e presos.
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– Ficar restrito aos adolescentes é brigar com os galhos e deixar a raiz intacta – reflete.
Em São Paulo, a característica é diferente. O Primeiro Comando da Capital (PCC ) não utiliza menores de idades para executarem seus crimes. A fação paulista prefere usar criminosos com experiência e longa ficha criminal.
Confira abaixo a entrevista exclusiva com o secretário de Segurança Pública de SC, César Grubba
Diário Catarinense: Qual a sua avaliação sobre a presença de menores nos crimes?
César Grubba: Infelizmente, é questão dos mecanismos legais de punição dos adolescentes. Tínhamos que ter mecanismos mais eficientes de contenção para quem pratica atos com gravidade. Hoje há um ciclo vicioso, tu contém e solta. E as facções criminosas usam os adolescentes, que são cooptados, porque sabem dessa fragilidade da legislação processual.
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DC: Então ficar apreendido seria um bom passo?
Grubba: Só o fato de conter já é um grande passo. Não só adolescente, mas qualquer pessoa tem que ter algo a perder. Se não, entra na criminalidade.
DC: Dos 14 apreendidos em novembro, somente três passaram pelo sistema e apenas um continua detido…
Grubba: Essa é a nossa legislação para o adolescente. Defendo que temos que trabalhar primordialmente na prevenção da criminalidade, dar condições a esses adolescentes para que eles não entrem na criminalidade. O Estado tem que entender que é muito mais barato trabalhar na prevenção do que na repressão da criminalidade e na manutenção do sistema prisional.
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