Um estudo contraria o sistema de cobrança de pedágio por quilômetro rodado proposto pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) para a BR-101 no Estado. Para a Ordem dos Economistas de Santa Catarina (Oesc), o que a princípio pode parecer uma medida correta e justa, do ponto de vista econômico beneficiará mais as concessionárias do que os usuários.

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A entidade entende que a vantagem para o motorista é que não haverá necessidade de parada nos pedágios e para aquele que hoje paga valor integral e utiliza apenas um pequeno trecho, que economizaria. Por outro lado, um número significativo de usuários que hoje nada pagam começariam a pagar. No início desta semana, a Fiesc sugeriu substituir o modelo atual por portais que identificariam chips instalados nos carros.

Empresa teria mais vantagens, diz entidade

Para os economistas, com a implantação do sistema proposto pela Fiesc, as praças de pedágio não seriam mais necessárias. Pelos estudos da Oesc, este fator geraria economia para a concessionária, pois também haveria redução no custo da mão de obra que atua nos postos.

A Oesc reforça ainda que o processo de sistematização tem que passar pelo governo, que faz a calibragem do valor quilométrico para manter o equilíbrio econômico-financeiro do contrato. Sem isso, as perdas para os usuários serão significativas. O valor quilométrico já existe hoje e leva em conta que apenas uma fração dos usuários paga, pois boa parte usa trechos onde não há postos instalados.

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– Com a cobrança diluída, através de diversos portais de leitura, caso mantido o mesmo valor quilométrico, a arrecadação aumentará de forma gigantesca – diz o economista Luiz Henrique Belloni Faria, presidente da Oesc.

Arrecadação da concessionária aumentaria

O presidente da Ordem dos Economistas de Santa Catarina (OESC), Luiz Henrique Belloni Faria, lembra que o tráfego entre os trechos pedágiados seria muito maior, pois usuários da BR-101 que hoje não passam por praças de pedágio trafegariam por estes pontos, que seriam instalados em intervalos de quilômetros menores.

Isso ocorreria em trechos como Biguaçu e Tijucas, na Grande Florianópolis, por exemplo, onde a movimentação é intensa. Este fator poderia aumentar em 38% o valor pago por um veículo de passeio que sai de Florianópolis em direção a Balneário Camboriú.

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Para a entidade, se a mensuração fosse feita através da arrecadação da concessionária, nesta situação, o valor quilométrico teria de ser diminuído para R$ 0,0199 para não prejudicar o usuário.

– Supondo que com a nova sistemática sejam colocados quatro portais neste trecho, um a cada 20 quilômetros, e caso haja manutenção do valor quilométrico hoje vigente cada portal irá cobrar R$ 0,45- calcula Faria.

Atualmente, um estudo da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) revela que apenas 10% dos usuários da BR-101 pagam pedágio no Estado. Cerca de 90% dos veículos que circulam pela estrada saem da rodovia antes de passar pelas praças ficando livres da tarifa.

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Reunião debaterá cobrança

A sugestão da cobrança de pedágio por quilômetro rodado foi elaborada pela Comissão de Transporte e Logística da Fiesc e faz parte de um pacote com outros itens que pretendem melhorar as condições de mobilidade na BR-101. Estão listadas outras propostas, como a ampliação e melhorias de rodovias secundárias, implementação de contornos viários em cidades como Joinville e Itajaí, e uso da rodovia em horários de menos tráfego.

O grupo de estudos terá a primeira reunião ainda neste mês, quando irá definir a sua dinâmica de trabalho. Entidades que têm posição sobre sugestões e que ainda não façam parte do grupo, como a própria Ordem dos Economistas de Santa Catarina (Oesc), terão oportunidade de ser ouvidas. Quem garante é o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte.

– É um bom sinal sabermos que outros setores estão atentos à questão – diz o presidente da Fiesc.

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Sobre a nova modalidade de cobrança, Côrte considera uma opção mais justa do que a atual. Lembra que todo aquele que usar a rodovia pagará, diferentemente de hoje, quando paga-se somente ao passar em um posto.

– Consideramos que é como a questão da impostos. Se 100% pagar, a tarifa vai ficar mais barata.

Os sistemas

COMO FUNCIONA HOJE

As formas do pagamento atual

Cobrança: Dinheiro e Sem Parar

Praças: Instaladas ao longo da rodovia com 70 km de distância entre elas

COMO SERIA

A ideia proposta pela Fiesc

Cobrança: pré-pago

Praças: Não seriam mais necessárias. Veículos teriam chips instalados, para leitura automática ao longo da rodovia

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O QUE DIZ A ORDEM DOS ECONOMISTAS

A concessionária seria beneficiada com o modelo apresentado pela Fiesc, pois economizaria na construção de praças e mão de obra. Se não houver uma calibragem do valor quilométrico pelo governo, as perdas para o usuário podem ser grandes.

O QUE DIZ A FIESC

Para a entidade, se todos os usuários que utilizam a BR-101 pagarem pedágio, a tarifa pode ficar mais barata. A comissão técnica vai identificar os principais entraves do modelo atual e o do por quilômetro rodado. Um dos problemas de hoje é que as praças geram congestionamentos na BR-101. Um estudo de demanda será feito, além de apontados os gargalos da rodovia.