Às vésperas da votação da admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, os cálculos de oposição e governo apresentam divergências. Enquanto a ala favorável ao afastamento de Dilma diz que já tem 367 votos — são necessários 342 para o encaminhamento do processo ao Senado —, os defensores da presidente alegam que possuem como aliados mais do que os 172 deputados necessários para barrar o impeachment.

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A oposição, segundo balanço divulgado nesta sexta-feira, contabiliza que os votos contrários seriam 129 e os indecisos seriam 17.

— Isso significa que, a dois dias da votação, nós consolidamos ainda mais a posição do parlamento pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff — disse o deputado Mendonça Filho (DEM-PE), após reunião com parlamentares de diversos partidos de oposição nesta sexta-feira.

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Já o vice-líder do governo na Câmara, Sílvio Costa (PTdoB-PE), garantiu na tarde desta sexta-feira que o governo “já ultrapassou” os 172 votos necessários para barrar a admissibilidade do processo de impeachment. Costa afirmou que existem ainda 36 votos de deputados que estão indecisos, os chamados de “a trabalhar” nas planilhas do governo.

— Estamos bem acima da margem de erro e hoje detectamos o desespero da oposição — afirmou.

Costa considerou todos os levantamentos feitos sobre a votação de domingo como equivocados e citou que a oposição conta com apenas um “movimento regimental” para aprovar o impeachment, ou seja, o voto sim.

— O governo tem três movimentos regimentais a favor da democracia: o voto não, a abstenção e a falta. Esses três movimentos regimentais não são detectados — avaliou, dentro da estratégia do governo de apostar que a oposição não terá os 342 votos necessários para aprovar a admissibilidade do processo.

A posição de Costa foi reiterada na noite desta sexta-feira pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que se reuniu com a presidente Dilma.

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— Temos convicção que teremos margem de votos para impedir 342 votos pró-impeachment — comentou.

Dino disse que só nesta sexta-feira o governo conseguiu converter três votos no Maranhão que eram favoráveis ao impeachment, e outros três ou quatro do Amapá.

— Chegaremos facilmente a 20 ou 30 votos modificados até domingo — afirmou.

O governador do Amapá, Waldez Góes, também participou do encontro com Dilma. Mais cedo, a presidente se reuniu com os governadores da Bahia e do Ceará.

— Os governadores do Nordeste estão confiantes que a Câmara manterá o jogo democrático — afirmou Dino. — Se o impeachment passar na Câmara, haverá uma situação de dualidade, com a presidente Dilma e o novo governo, e isso vai paralisar as instituições. A solução será postergada para 2017 — explicou.

Pronunciamento cancelado

Ainda de acordo com Dino, a presidente Dilma resolveu cancelar o pronunciamento em rede de rádio e TV que faria nesta noite porque o governo preferiu, neste momento, centrar esforços nas negociações com os deputados. Segundo ele, essa foi uma posição externada pelo Advogado Geral da União, José Eduardo Cardozo, na reunião com Dilma.

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— É mais importante despender energia nisso — comentou Dino sobre o convencimento dos deputados.

Segundo ele, não há necessidade de criar uma nova polêmica com o pronunciamento, que poderia ser questionado pela oposição. Ele ainda negou que o governo tenha cancelado a veiculação do discurso com medo de panelaços.

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