O verão traz desafios para o fornecimento de serviços básicos como água, energia elétrica e alimentação, mas é nas estradas que surge a maior preocupação. O fluxo intenso de turistas, somado à imprudência e ao abuso do álcool na temporada mais festiva do ano, transforma as rodovias em um local arriscado para o motorista, com acidentes fatais, centenas de colisões e dezenas de feridos. Além disso, há a inevitável formação de filas e trechos de lentidão nos principais gargalos do Estado, o que exige paciência e educação de quem viaja.
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Na penúltima parte da série De Olho no Verão, os chefes de comunicação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Militar Rodoviária (PMRV), respectivamente o inspetor Luiz Graziano e o major Fábio Martins, apontam os principais problemas do Estado no setor, ao mesmo tempo em que explicam as estratégias de fiscalização e as possibilidades de facilitar o escoamento do trânsito. De acordo com os oficiais, as operações serão constantes em trechos da BR-101 e nas estradas do Sul do Estado por conta do aumento da vinda de turistas com a conclusão da ponte de Laguna.
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ENTREVISTA| Fábio Martins, major da PMRV
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Quais são os principais gargalos do Estado e como a polícia se prepara para o verão?
Estamos nos preparando com enfoque para o litoral. O gargalo é sempre o acesso às praias. Hoje, nosso planejamento de policiamento rodoviário foca no Sul do Estado. Tivemos a duplicação da BR-101 quase por completo e a construção da ponte de Laguna, o que vai fomentar o turismo da região, principalmente de gaúchos e argentinos. E, claro, Florianópolis também, pois é muito procurada.
São muitas mortes registradas nas rodovias estaduais de SC. No ano passado, 4 mil acidentes com vítimas e quase 400 pessoas morreram. O que contribui para tantos acidentes?
São diversos fatores. O nosso Estado tem vocação turística e na temporada de verão o volume médio diário de veículos aumenta. Há rodovias no litoral que passam de 30 mil para 90 mil veículos. Isso é um fator. Temos também um relevo acidentado. SC tem estradas sinuosas. Muitos turistas não conhecem os trechos, aliado à imprudência e bebida alcoólica, o que resulta nesse número alto de acidentes.
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Aplicativos como Waze atrapalham ou ajudam a polícia?
A gente entende que ajudam bastante, porque eles verificam pontos de lentidão e você pode traçar rotas alternativas. O ponto que discordamos é quando eles indicam as blitze e operações policiais.
Há previsão de aumentar a fiscalização nas proximidades de baladas?
Sim, há previsão. Mas o problema que enfrentamos é que, se fizermos uma fiscalização muito mais rigorosa, não vamos ter como implementar isso. Vai ser praticamente impossível dar cabo de todas as ocorrências. Então, temos esse intuito de aumentar a fiscalização em algumas festas e locais mapeados.
O senhor poderia dar dicas para os motoristas que querem evitar passar muito tempo em trechos de lentidão.
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A primeira é que evite horários de pico de sol, que superaquece o veículo. Programar-se com relação às crianças: ter água e comida no veículo, um divertimento. É importante se preocupar com a mudança radical do tempo. O que a gente observa muito no verão: está todo mundo na praia, dá uma trovada e sai todo mundo na mesma hora, o que gera fila. Direção defensiva. Evite os horários da noite. Às vezes o condutor fica o dia inteiro na praia, resolve não sair às 18h para evitar trânsito, mas acaba não descansando. Aí pega o volante e dorme, sai da pista e capota.
ENTREVISTA| Luiz Graziano, inspetor da PRF
Quais são os principais gargalos? Onde a PRF está mais de olho neste verão?
Temos um problema muito sério na BR-101, a principal do Estado. Não é a rodovia onde ocorrem mais mortes, porque a 282 ultrapassou no ano passado em função dos acidentes. A 101 é a rodovia com maior número de acidentes, maior número de feridos e o maior movimento principalmente no verão. Um grande atrativo do Estado são as praias. A BR-101 é o nosso ponto central de fiscalização.
O que a PRF pode fazer para amenizar os problemas que vão aparecer na BR-101?
A previsão do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT) era entregar essa obra em dezembro. Foi adiado, a previsão agora é abril ou maio. No Morro do Formigão vamos utilizar o acostamento e talvez, se tudo der certo, uma terceira faixa para conseguir uma pista dupla em alguns momentos. Por exemplo, depois do Natal virão muitos turistas do Sul do Estado. Vamos tentar fazer uma terceira faixa reversível.
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Em relação aos trechos mais perigosos no Estado, onde o motorista deve redobrar a atenção?
Infelizmente, hoje SC é o terceiro em mortes e o quarto em acidentes em rodovias federais. A 282, como falei no início, no ano passado, ultrapassou em número de mortes pela primeira vez, apesar de ter bem menos acidentes que a 101. Por quê? Porque com a duplicação e, principalmente, a mureta no meio, você impede quase que 100% e evita colisões frontais. Com exceção dos motoristas embriagados, que conseguem ir na contramão.
De quantos policiais precisamos para ter um patrulhamento ideal e qual é a probabilidade disso acontecer num curto prazo?
Não tem essa possibilidade no curto prazo. Hoje temos cerca de 600 policiais no Estado, com 26 postos operacionais funcionando. Precisaríamos, no mínimo, para ter o atendimento básico, de 900 policiais. No último concurso recebemos cem, porém tivemos várias aposentadorias neste ano.
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Nesta temporada vão chegar muitos ônibus de turismos. O que é feito de fiscalização para essas excursões?
Trabalhamos muito para a educação com os passageiros. Você para um ônibus e praticamente ninguém usa cinto. A falta do cinto aumenta a gravidade dos feridos. Nós, aqui no Estado, realizamos trabalhos em rodoviárias, abordagem a ônibus para os passageiros, principalmente estimulando o uso do cinto.