Além do aumento natural no consumo de energia elétrica com a vinda de turistas ao litoral catarinense, a Celesc vai enfrentar outros dois desafios durante a temporada de verão. Primeiro, a maior incidência de chuvas e tempestades que causam a derrubada do sistema, hoje estruturado em cabos aéreos suscetíveis a vendavais. Em outra ponta, está a superlotação de imóveis que não estão preparados para suportar o uso de eletricidade além do que foi projetado.

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Para lidar com esses problemas, a distribuidora aponta que está investindo em construção de novas subestações, ampliações das já existentes, proteção física da rede e contratação temporária de funcionários terceirizados, sobretudo eletricistas e atendentes de call center.

Nesta entrevista, o presidente da Celesc, Cleverson Siewert, afirma que foram investidos neste ano cerca R$ 250 milhões em obras nas redes de alta, média e baixa tensão. Seis subestações estão previstas para entrar em funcionamento ainda em dezembro e outras 21 estão sendo ampliadas. Ele espera também a contratação de aproximadamente 300 novos funcionários entre os meses de dezembro e fevereiro de 2016.

E, apesar de um aumento acumulado de quase 40% na tarifa da energia elétrica em 2015, Siewert sinaliza que, por enquanto, não está previsto nenhum novo acréscimo na conta. Segundo ele, no próximo ano haverá uma revisão tarifária, o que pode diminuir a fatura em Santa Catarina.

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Entrevista Cleverson Siewert

Santa Catarina sabe que deve receber 30% mais turistas em relação às temporadas anteriores. Como a Celesc está se preparando para isso?

Realmente o verão é uma época mais complexa para o gerenciamento do sistema elétrico. Mais complexo porque vivemos um aumento de demanda, uma forte sazonalidade e problemas ligados ao clima. Há dados estatísticos que mostram 40% mais tempestades, e 99% do sistema elétrico brasileiro é aéreo, portanto sujeito a preocupações. Basicamente, a Celesc trabalha em duas frentes maiores para recompor a infraestrutura para o verão. Primeiro, obras e investimentos. Segundo, mais pessoas disponíveis para recomposição do sistema quando há problema. Foram investidos ao longo deste ano R$ 250 milhões em obras em alta, média e baixa tensão.

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Dentro desses investimentos está prevista a construção de seis novas subestações e ampliação de 21 delas. Quando essas estruturas ficarão prontas?

São seis novas subestações e todas devem ficar prontas ainda neste ano. Eu diria que as duas principais ligadas ao verão são em Palhoça (Pinheira) e nos Ingleses (em Florianópolis). A dos Ingleses não vai ficar completamente pronta até dezembro, mas estará com o transformador, que é a parte principal. Fora isso, as outras subestações são alocadas no Estado como um todo. Além disso, teremos essas 21 ampliações.

A temporada 2013-2014 foi prejudicada pela falta de abastecimento da energia elétrica para motores e bombas de água. Tem um plano de prioridade se aumentar a demanda?

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Quantidade de energia não é problema para a Celesc. Agora, de fato, o sistema elétrico é aéreo. Quando há uma grande tempestade, objetos podem ser arremessados na rede, você pode ter um acidente e a energia pode acabar. Eu não posso garantir, ninguém pode garantir 100% de energia. O nosso objetivo é ter maior tempo possível e, quando não tiver, a recomposição de forma mais rápida. Estamos mais próximos da nossa coirmã Casan, há sinergia entre as duas em termos de planejamento e gestão. O que a gente tem hoje em conjunto é um sistema em que monitoramos todos os pontos de abastecimento da Casan. A gente sabe com antecipação se eles estão com ou sem energia.

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A bandeira vermelha vai vigorar durante a temporada? A manutenção dessa tarifa tem a ver com o verão?

Não tem a ver com o verão. Mas é um tema bastante importante, pois nós todos somos afetados por questões tarifárias. Basicamente as tarifas aumentaram no país a partir de 2013 por dois motivos: o primeiro foram mudanças regulatórias. O governo federal mudou o sistema, tirou a estabilidade. Segundo, falta de chuva. Quando falta chuva, usamos muita energia térmica e isso aumenta o preço. Aqui em SC, em 2016, vamos viver um período de revisão tarifária. Geralmente após a revisão tarifária temos queda de tarifa. A expectativa que o setor tem, e a própria Agência Nacional de Energia Elétrica, é que possa haver uma queda. Óbvio que isso é uma sentença inicial. Pode haver qualquer alteração.

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Então não vai ter aumento?

A expectativa é não. Nós não temos nenhum indicativo do órgão regulador que possa haver qualquer tipo de mudança.

Como vai ocorrer o reforço no quadro técnico?

Nós temos um corpo técnico de mais ou menos 3,3 mil funcionários, todos próprios. Devemos ter ingresso de 150 novos eletricistas, todos terceirizados, contratados pelo período de dezembro até fevereiro de 2016. São mais ou menos 30 equipes extras, sobretudo no litoral, mas também no interior. Além disso, um reforço no call center que sempre foi uma questão delicada, mas hoje temos um sistema apropriado. É claro que nos dias mais delicados, quando uma grande tempestade atinge o Estado, por mais que se reforce, é difícil atender todos. Hoje nós temos 200 posições de atendimento. Durante o verão são mais 100 posições para que possamos fazer frente a essas dificuldades. Então, entre eletricistas e atendimento são cerca de 300 funcionários a mais.

De qual forma turistas e moradores de SC podem contribuir para minimizar possíveis transtornos?

Vamos racionalizar o nosso uso dentro de casa. Desligando a energia, fechando a geladeira, enfim, tomando banho mais rápido. Do ponto de vista pessoal, a gente tem que ter um consumo mais racional. Do ponto de vista da coletividade: calma, parcimônia e tranquilidade.

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Quanto ao problema de superlotação de imóveis no litoral?

A gente pegou uma carona muito interessante num trabalho que a Casan fez no ano passado de conversar com as associações responsáveis por esse processo. Estamos iniciando também uma tratativa com eles para estar em conjunto. Estamos nos colocando à disposição. Está existindo uma conscientização muito maior por parte das pessoas que atuam nesse meio no sentido de preservação.