O resultado final das pesquisas do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis foram apresentados na tarde desta sexta-feira para cerca de 100 pessoas na UFSC. O estudo mostrou os principais entraves do trânsito na região metropolitana e apontou a necessidade de rever a lógica que gere a mobilidade na Capital – priorizando o transporte público em vez dos automóveis.

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:: Vias de acesso a Florianópolis aproximam-se da capacidade máxima

Um dos levantamentos mostra que 75% dos veículos que ocupam a Ponte Colombo Salles no horário de pico são carros. Eles ocupam 90% da capacidade da ponte e transportam cerca de 11 mil pessoas. Em contrapartida, os ônibus representam apenas 3% dos veículos, ocupam 1% da capacidade da via e transportam quase o mesmo número de pesssoas: 10 mil passageiros. Caso fossem priorizados, os ônibus que hoje atravessam a ponte no horário de pico poderiam levar até 18 mil pessoas – o que poderia tirar 6,2 mil carros deste tráfego.

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Por dia, passam 172,2 mil veículos e 24,5 mil motocicletas cruzam as pontes Ilha/Continente. No horário de pico, os números são de 7.660 veículos e mil motocicletas. Enquanto, 280 ônibus trafegam neste período.

Deslocar-se por transporte coletivo, contudo, gera insatisfações para além das filas. A maior reclamação dos usuários apontada no estudo é o tempo de viagem, que chega a ser o dobro do deslocamento por carro. Em seguida, está a falta de informação e a pontualidade dos veículos. Para os ciclistas, a maior insatisfação é a falta de ciclovias e de segurança. Já os pedestres se incomodam principalmente com a largura das calçadas.

De acordo com o coordenador Guilherme Medeiros, as informações do Plamus estão sendo repassadas às prefeituras dos 13 municípios envolvidos. A intenção é que o Plamus contribua com a revisão e elaboração dos planos diretores das cidades de modo a integrar a mobilidade urbana à ocupação do solo.

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Uma das conclusões do estudo é que os locais de trabalho e residência estão segregados. Os empregos estão concentrados no centro de Florianópolis de modo que no horário de pico, 70% dos veículos deslocam-se em um sentido e 30% no outro. Com uma melhor distribuição, o tráfego seria diluído em ambos os sentidos

– Não tem como pensar em um sistema de transportes sem pensar em reorganização urbanística da cidade – disse Claudia Martinelli, que apresentou o estudo e é representante da Logit, uma das empresas que compõem o consórcio do Plamus.

O especialista em projetar ruas e redes viária completas, Michael King, que participou do seminário de apresentação do Plamus, afirma que um estudo como este é o primeiro e importante passo para decidir qual o tipo de sistema de transporte que uma cidade deseja. Por sua experiência, cidades como Nova Iorque, Berlim e Tóqui, que priorizaram o sistema público e o deslocamento de pedestres e bicicletas são melhor sucedidas economicamente do que as que investem em vias expressas e transporte individual, como Los Angeles e São Paulo.

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O Plamus parte agora para a sua segunda etapa que é discutir, junto à sociedade civil, as propostas de reestruturação do sistema de mobilidade. Para isso, serão realizadas oficinas nos municípios da região metropolitana a partir da semana que vem. Entre as ideias está a formulação de zonas de velocidade reduzida, ruas completas – que priorizam ônibus, ciclistas e pedestres – e formas de otimizar o transporte público. O resultado final do Plamus será apresentado em janeiro de 2015.