Uma iniciativa que estuda a mobilidade urbana da Grande Florianópolis traz dados que comprovam o que é vivenciado praticamente todos os dias pelos moradores da região. As vias de acesso e de saída da Ilha apresentam altos níveis de saturação e há carros demais ocupando a estrutura existente. A Ponte Colombo Salles, por exemplo, está com 99% de saturação de sua capacidade. A Beira Mar Norte, com 84%.
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:::Catarinenses estão entre os mais dependentes de carros e motos
Os dados preliminares do Plano de Mobilidade Urbana da Grande Florianópolis (Plamus), mostram que, na região, o deslocamento feito por transporte motorizado individual (carros e motocicletas) corresponde a 48% do total. O volume de carros é duas vezes maior que o da região metropolitana de Belo Horizonte e superior a Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo, de acordo com o índice de mobilidade usado pelas consultorias que elaboram o estudo.
:: Gráfico mostra distância entre lugares de moradia e de trabalho, além do volume de deslocamentos diários
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Entre os motivos apontados para o maior uso do transporte individual na Grande Florianópolis está o padrão de urbanização das cidades, somado à falta de incentivos para uso do transporte coletivo e de meios não motorizados. A avaliação da infraestrutura mostrou que as distâncias a serem percorridas são grandes e as vias não formam uma malha com conectividade.
Além da baixa frequência e irregularidade, as viagens de ônibus levam em média 15 minutos a mais do que as de carro. Quem deseja deslocar-se a pé ou de bicicleta é desestimulado por calçadas inadequadas e pela falta de ciclovias. Em contrapartida, inexistem iniciativas de desincentivo aos carros, como restringir a oferta de estacionamentos – o que leva a congestionamentos cada vez maiores.
:: Concentração nos deslocamentos por região
Gráfico: Apresentação dos dados preliminares do Plamus
:: Resultados e novas propostas
Os resultados da pesquisa serão apresentados ao público na próxima sexta-feira, dia 28, em seminário realizado na UFSC. O evento terá palestras do arquiteto Michael King e da diretora do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento no Brasil (ITDP), Clarisse Linke.
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Detalhados os problemas, o Plamus parte para a fase de desenvolvimento de propostas de solução. A intenção é sugerir uma reestruturação completa do transporte coletivo integrado para toda a Região Metropolitana e priorizar os modais não-motorizados, especialmente nas regiões centrais. Para isso, o estudo propõe, inicialmente, um modelo de gestão integrada entre Estado e municípios de modo que a mobilidade seja tratada de forma coesa em toda Grande Florianópolis.
A partir da primeira semana de dezembro, iniciam-se as discussões das propostas com a sociedade civil de cada município abrangido pelo projeto, para que os moradores possam dar sugestões em relação ao estudo. A conclusão do Plamus está prevista para janeiro de 2015.
:: Infográfico mostra ocupação urbana e concentração das moradias
Gráfico: Apresentação dos dados preliminares do Plamus