Com o fim da greve dos trabalhadores do transporte coletivo de Florianópolis, anunciado na última terça-feira, os ônibus voltaram a circular nesta manhã na Grande Florianópolis. Os terminais, ao contrário dos últimas dias, foram palcos outra vez de movimentação de pessoas. Desde às 5h, quando saíram das garagens, que o transporte coletivo voltou a circular pela Capital. Ainda na escuridão, as pessoas aguardavam nos pontos o restabelecimento do sistema.

Continua depois da publicidade

Enquanto a saída dos ônibus era tranquila no estacionamento da Insular, na SC-405, Sul da Ilha, o retorno à rotina foi vigiado pela Polícia Militar e pela Polícia Militar Rodoviária na garagem da Transol, na SC-401, no Norte. Em nenhum dos casos houve tumulto entre os trabalhadores.

Os ônibus não estavam tão cheios como de costume.

Continua depois da publicidade

Foto: Guto Kuerten/ Agência RBS

Apesar da aparência de normalidade, quem usa diariamente os ônibus notou diferença nesta manhã. Havia menos pessoas nas filas e dentro dos veículos. As conduções, que estariam lotadas num dia de semana, estavam apenas cheias. A explicação, para os usuários, é de que alguns ainda não sabiam que a greve acabou.

Movimentação de passageiros no começo da manhã no

Terminal de Integração de Canasvieiras, Norte da Ilha de SC.

Foto: Guto Kuerten/Agência RBS

>> Setuf não dá o assunto por encerrado porque o estado de greve continua

>>Sintraturb começa campanha para conquistar apoio da população

>> Greve terminou sem concessões que prejudiquem a população, diz Cesar Souza Junior

A servente de limpeza Viviane Conceição, 39 anos, soube da notícia pelas redes sociais. Com o restabelecimento do serviço, ela voltou a frequentar as longas filas na espera pelo Canasvieiras Direto para o Centro.

Viviane tem que madrugar todos os dias para conseguir chegar ao trabalho.

Foto: Guto Kuerten/ Agência RBS

Todos os dias, a moradora do Rio Vermelho pega o primeiro ônibus antes das 6h. Mas na segunda-feira não havia como chegar ao trabalho e na terça, a única solução foi a empresa oferecer transporte. Da família, a grande prejudicada foi a filha de 16, que estuda no Instituto Federal. Ela não foi à aula nos dois dias.

Continua depois da publicidade

-Carona eu não deixo ela pegar.

Viviane teme que a greve possa voltar, já que a situação não foi totalmente resolvida.

O baixo número de pessoas nos ônibus nesta manhã fez com que usuários como a atendente de farmácia Patrícia Brandão, 27 anos, conseguissem um banco para sentar. Todos os dias ela vai para o terminal da Trindade no transporte totalmente lotado, mas nesta quarta ela até achou um banco vazio. Mas outros, que foram chegando depois, tiveram se ajeitar no chão.

Mesmo com lugar garantido, a atendente de farmácia reclamou da situação que enfrenta todos os dias. Ela notou claramente essa diferença na última terça quando a empresa pagou táxi. Ela pegou a condução às 6h10 e chegou no trabalho às 6h30. Em dias normais, sem a greve, ela precisa pegar o ônibus às 5h35 para chegar até o Bairro Santa Mônica às 6h45. Isso sem contar aos fins de semana, quando chega a esperar por mais de uma hora e meia por transporte.

Por diversos motivos, boa parte dos usuários não apoia um aumento de tarifa e não vê vantagens em pegar ônibus, utilizando o transporte coletivo apenas se não tiver opções.

Continua depois da publicidade

Sobre a greve

A greve dos trabalhadores do transporte coletivo iniciou à 0h da segunda-feira, dia 10, em Florianópolis. A Justiça determinou que uma frota mínima de ônibus circulasse nos horários de pico, mas a decisão não foi respeitada pelos motoristas e cobradores. Sem ônibus rodando, foi aplicada a multa diária de R$ 100 mil para cada dia, estipulada ainda na sexta-feira pelo procurador Regional do Trabalho, Alexandre Freitas.

As negociações entre Setuf e Sintraturb seguiram na mesa do Tribunal Regional do Trabalho, mas sem um acordo, a Justiça decidiu por marcar o julgamento do dissídio coletivo.

Na terça-feira, dia 11, segundo dia sem ônibus, o prefeito de Florianópolis Cesar Souza Júnior, em reunião com outras autoridades, pediu que o dissídio coletivo sobre a greve fosse rigoroso. Segundo ele, a greve estaria ferindo a constituição. Dessa maneira, para evitar uma decisão mais drástica de Justiça, os trabalhadores recuaram e suspenderam a greve. O Sintraturb avalia o momento como uma pausa na greve para traçar novas estratégias e, mais tarde, manter as reinvindicações.

Continua depois da publicidade

O sindicato dos motoristas e cobradores (Sintraturb) recuou e decidiu suspender a greve do transporte coletivo de Florianópolis. A decisão foi tomada porque os trabalhadores não desejam que o índice de reajuste salarial seja definido pela Justiça do Trabalho no dissídio coletivo marcado para quinta-feira.