A duplicação da SC-403, que liga a região do Ilha Shopping aos Ingleses, no norte da Ilha de Santa Catarina, tem novo episódio de uma arrastada novela. As obras deveriam ter sido retomadas nesta segunda-feira, 23, depois do Carnaval, conforme prometido pela Secretaria do Estado de Infraestrutura, após a paralisação no fim de 2014. Mas, de acordo com o engenheiro fiscal do empreendimento, Ivan Amaral, a empresa Planaterra, de Chapecó, responsável pela obra, não compareceu à reunião de ajuste de cronograma, nem levou as máquinas e trabalhadores para o canteiro de obras.
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– A nossa intenção era mobilizar o terreno segunda, dia 23, para poder estar com as máquinas operando na pista nesta terça, dia 24, mas agora estou preocupado. Estamos sem contato com a empresa – alegou no início da tarde de segunda-feira Amaral, que integra a equipe de Infraestrutura do Estado.
Ele suspeita que o bloqueio nas estradas do Oeste de SC devido à paralisação nacional dos caminhoneiros e a decorrente falta de diesel tenham provocado a situação.
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Vai ficar para dezembro
A indefinição de uma nova data para continuação da obra, que conta com recursos federais e estaduais, irá atrasar o cronograma. O governo do Estado esperava finalizar a duplicação da rodovia em outubro de 2015. Agora, Amaral arrisca um novo prazo.
– Até íamos tentar entregar a obra em outubro, mas é impossível. Pretendemos apertar o cronograma e finalizá-la em dezembro – avalia.
Até agora, entre 20% e 25% do projeto foi cumprido por mais de 50 trabalhadores: drenagens, desvio do trânsito e deslocamento dos postes, por exemplo. A construção dos três elevados, de responsabilidade da empresa Traçado, que é condicionada à Planaterra, é uma das fases mais importantes a serem executadas nos próximos meses.
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Empresa responsável pela obra sumiu
A Secretaria do Estado de Infraestrutura e a Planaterra, empresa licitada para realizar a duplicação da SC-403, haviam combinado uma reunião para a tarde desta segunda-feira, dia 23, para tratar do cronograma e próximas ações. Segundo o órgão do governo, a empresa de Chapecó não apareceu.
– Fomos pegos de surpresa. Também é um estresse para nós, porque queremos a obra – defende-se Amaral.
Além da suspeita relacionada aos problemas nas rodovias do Oeste, Amaral acredita que a empresa esteja receosa quanto ao pagamento dos trabalhos.
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– Até agora, o governo Federal só repassou R$ 600 mil dos R$ 28 milhões prometidos. Em janeiro, tivemos que correr atrás de orçamento do governo do Estado. Conseguimos e já repassamos aproximadamente R$ 3 milhões à Planaterra em duas medições de reajustes. Mas ainda tememos um calote do Ministério do Turismo – explica.
Estado vai honrar custo
O custo total do empreendimento está orçado em R$ 36,6 milhões. De qualquer maneira, Amaral afirma que o Estado garantirá a obra, caso o governo Federal não honre o compromisso financeiro.
A reportagem tentou contato telefônico com os escritórios da Planaterra em Chapecó e em Florianópolis por diversos momentos na tarde desta segunda-feira, mas não obteve retorno.
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Moradores sentem-se esquecidos
Andrea Helena de Matos, diretora da Escola Básica Nei Doralice Maria Dias, que fica às margens da SC-403, relata insegurança. Ela conta que a construção de um túnel para pedestres abaixo da rodovia está servindo de abrigo a moradores de rua e usuários de drogas.
– O que era para facilitar a travessia está causando medo entre funcionários da escola, alunos e pais. Solicitamos apoio da Guarda Municipal, porque precisamos transitar por ali, mas está muito perigoso – explica.
Conforme a diretora, há outros problemas no local: ausência de faixas de pedestres, pontos de ônibus próximos e estacionamento.
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Nesse cenário, também aumenta a insegurança no trânsito. Karine Nunes e Rubens Ros, que comercializam água mineral e alugam salas comerciais na rodovia, comprovam essa realidade.
– Onde era para passar a 40 Km/h, os motoristas passam a 100 Km/h. E tudo isso muito próximo às casas, devido aos desvios feitos. Toda a confusão no trânsito diminuiu o meu movimento em 60%. Se eu dependesse só da venda daqui, já teria fechado – revela Rubens.
O casal também relata que as reuniões feitas junto à comunidade não levaram em consideração o pedido dos moradores, que solicitaram passarelas para pedestres, por exemplo.
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Ivan Amaral, engenheiro fiscal da Secretaria do Estado de Infraestrutura, acredita que a comunidade de 50 mil moradores tenha razão.
– Devemos cobrar da empresa a conservação da obra. Assim que retomada, vamos pedir melhorias – promete.
HISTÓRICO
:: Julho de 2013 – Vencedora da licitação, a empresa Espaço Aberto inicia os trabalhos.
:: Abril de 2014 – O governo do Estado rescinde contrato com a empresa Espaço Aberto devido aos atrasos no cronograma. Apenas 5% do projeto havia sido executado.
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:: Julho de 2014 – A empresa terceira colocada na licitação, a Planaterra, de Chapecó, assume a obra após a segunda colocada desistir da execução.
:: Dezembro de 2014 – A obra é interrompida devido ao fluxo de trânsito comum ao Natal e Ano-Novo.
:: Janeiro de 2015 – Era a previsão para que os trabalhos fossem retomados, mas problemas no pagamento do Estado à Planaterra teriam adiado os trabalhos para depois do Carnaval.
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:: 23 de fevereiro – Agora problemas externos parecem prejudicar o andamento da duplicação, que está atrasada há cinco anos.