O 44º presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez em seu discurso de posse de um apelo à unidade e igualdade nacionais, alertando que o “absolutismo” político não deve frustrar a mudança e a renovação.
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Obama prestou juramento público para mais quatro anos à frente da Casa Branca, diante de uma multidão de um milhão de pessoas reunidas na esplanada do Mall (National Mall).
O comparecimento é consideravelmente inferior aos 1,8 milhão de 2009, mas o entusiasmo podia ser sentido da mesma forma.
Obama usou diversas vezes a frase “Nós, o povo”, preâmbulo da Constituição americana, para sugerir que é possível conciliar as verdades defendidas pelos fundadores dos Estados Unidos e um atual sistema político marcado pela discórdia e pelo confronto.
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– Agora, as decisões dependem de nós e não podemos nos dar ao luxo de adiá-las mais – enfatizou. – Nós devemos agir, sabendo que nosso trabalho será imperfeito – ressaltou ainda.
O discurso de Obama foi notavelmente liberal, e defendeu a proteção aos fracos, aos pobres e aos que não possuem atendimento de saúde, e inclui a defesa dos direitos dos gays e a proteção das crianças contra os crimes com armas de fogo.
– Nossa jornada não estará completa até que nossos irmãos e irmãs gays sejam tratados como qualquer pessoa diante da lei… porque fomos criados iguais, pois que o amor com que nos comprometemos uns com os outros deve ser da mesma forma igual – afirmou.
– Nossa jornada não estará completa até que achemos um modo melhor de dar as boas-vindas aos imigrantes esforçados e esperançosos que ainda veem a América como a terra da oportunidade.
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– Nossa jornada não estará completa até que todos os nossos filhos, das ruas de Detroit às colinas de Appalachia até as ruas de Newtown, saibam que eles são cuidados, amados e sempre protegido dos males.
O presidente também afirmou que a segurança americana não requer uma “guerra perpétua” e prometeu basear a liderança americana global no diálogo, em alianças firmes, mas sem ceder à ameaça do uso da força.
– Nós defenderemos nosso povo e apoiaremos nossos valores através da força das armas e do Estado de direito. Demonstraremos a coragem de tentar resolver nossas diferenças com outras nações pacificamente”.
E Obama também prometeu combater a ameaça do aquecimento global, apesar do ceticismo por parte do Partido Republicano, e das barreiras políticas para que se possa tomar ações concretas.
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Mais cedo, Obama prestou juramento com a mão sobre a Bíblia que pertenceu a Abraham Lincoln e outra que foi de Martin Luther King.
– É ainda mais significativo hoje porque é a segunda vez – disse uma enfermeira negra de 53 anos, que veio da Flórida para assistir à cerimônia.
Dana, que viajou da Virgínia ao lado de seu marido e filhos, acrescentou:
– Ainda falta muito por fazer: uma lei sobre as armas e também o orçamento.
A oposição republicana, que brindou em homenagem ao presidente ao lado dos democratas em um almoço de gala no Capitólio, mostrou-se desconfiado.
– Excelente discurso – disse o senador e ex-candidato à Presidência, o republicano John McCain. – Não ouvi muito de sua agenda para o segundo mandato, para dizer a verdade, mas talvez tenha perdido – ironizou.
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Entre os presentes à cerimônia estavam os ex-presidentes Bill Clinton (1993-2001) e Jimmy Carter (1977-1981), ambos democratas. O republicano George Bush (1989-1993), convalescente de uma doença recente, mandou seus cumprimentos.
Celebridades como a atriz Eva Longoria e a cantora Beyoncé, que cantou o hino nacional, abrilhantaram o evento.
Ao cair da tarde, sob um sol resplandecente, o presidente e a primeira-dama desfilaram até o número 1600 da avenida Pensilvânia – o endereço da Casa Branca – , como manda a tradição, e saíram de sua limusine para caminhar várias quadras e saudar a multidão, que os aclamava.
Ao longo de pouco mais de duas horas, Obama e Biden assistiram ao desfile de dezenas de bandas militares e de escolas de todo o país.
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Na ocasião, Obama vestiu casaco longo escuro e terno com gravata azul celeste, e a primeira-dama, Michelle, um sobretudo estampado cinza azulado, e as filhas Sasha e Malia, vestidos em tons de violeta.
Uns 30.000 agentes de segurança entre policiais e militares acompanharam o deslocamento, com veículos militares camuflados e franco-atiradores nos telhados dos edifícios.
O dia terminarou com dois bailes de posse, animados, entre outros, pelos astros Katy Perry, Stevie Wonder e o grupo mexicano Maná.