Renato Mendes,

Consultor de carreiras

O cenário atual do mercado de trabalho no Brasil é um dos mais pessimistas dos últimos anos. Dados divulgados pelo IBGE demonstram que a taxa de desemprego subiu 8,1% entre março e maio, sendo a maior já registrada na série histórica que começou em 2012.

Continua depois da publicidade

A redução nos postos de trabalho também afeta indiretamente aqueles que estão empregados e sentem medo de perder o emprego. O Índice de Medo do Desemprego, medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgado em julho, passou de 98,8 pontos em março para 104,1 pontos em junho, um crescimento de 5,4%.

A

Continua depois da publicidade

pesar de o cenário não parecer propício a mudanças, existem muitos trabalhadores que não estão satisfeitos em seus empregos. É o que demonstra pesquisa da Isma Brasil, que constatou que 72% dos entrevistados estão insatisfeitos com o trabalho. A insatisfação em 89% dos casos tem a ver com reconhecimento; em 78%, com excesso de tarefas; e em 63%, com problemas de relacionamento.

A falta de motivação no trabalho geralmente é silenciosa, mas pode ser percebida por meio de sintomas como a falta de concentração e de foco, produção reduzida e distração. Existem casos nos quais o funcionário pode encontrar ajuda em si mesmo e na empresa para ter uma nova motivação, mas em outros, mudar de emprego passa a ser a única alternativa possível.

Para quem está em dúvida se este é ou não o melhor momento para deixar o emprego, você deve considerar as seguintes situações: se percebe que não tem perspectivas de crescimento profissional, nem salarial; se não teve um aumento de renda por mérito nos últimos anos; se acumula responsabilidades e não tem o reconhecimento da chefia; se propõe melhorias e o projeto é engavetado; ou se percebe que os gestores têm medo de mudança. A

insatisfação pode se manifestar negativamente na saúde, na qualidade de vida e no comportamento do trabalhador. Se este é o seu caso, mudar de emprego é a alternativa mais sensata.

Continua depois da publicidade

LEIA TAMBÉM

>> Como elaborar um treinamento eficiente para os colaboradores

>> Como os líderes devem agir para ter sucesso com suas equipes

>> O que leva as empresas a investirem no e-commerce

* * *

Cícero Gabriel Ferreira Filho,

Sócio-diretor da Pertencer Soluções em Gestão Empresarial

– A grama do vizinho sempre é mais verde.

Essa é uma frase que foi cunhada há muito tempo e ouvida por várias gerações em inúmeras situações, inclusive quando se fala do emprego ou empresa para a qual você trabalha. Segundo o dicionário Michaelis, trabalho é “o esforço, labutação, lida e aplicação da atividade humana a qualquer exercício de caráter físico ou intelectual”.

Com o fim da escravidão e depois da Revolução Industrial, surgiu o emprego, uma relação estável, e mais ou menos duradoura, que existe entre quem organiza e quem realiza o trabalho.

Levando em consideração que passamos, no mínimo, um terço de nossas vidas em um emprego, é fundamental entender se você faz o que gosta. E se não o faz ou não se sente realizado, antes de trocar efetivamente, é importante ter algumas respostas.

Primeiro, é preciso entender se você está insatisfeito com seu emprego ou com seu chefe. De acordo com uma consultoria especializada em headhuting, 68% das pessoas se demitem dos seus chefes e não do local onde trabalham.

Continua depois da publicidade

Segundo, tenha consciência sobre qual emprego lhe oferece chance de crescer, pois a estagnação mina nossa motivação, resultados e ambições. Terceiro, questione se a proponente tem alinhamento com meus valores pessoais, sejam eles índole, caráter, família, qualidade de vida, ambição.

Embora pareça uma pergunta básica, tenha certeza de que, se os valores não forem alinhados, em algum momento você se sentirá deslocado. Por fim, e não menos importante, pense aonde quer chegar e se esse degrau vai levá-lo em direção a esse objetivo ou não.

Seu novo emprego pode ser excelente pela remuneração, mas pode ir totalmente contra seus objetivos de carreira. Trocar de emprego é muito mais do que um bom salário, benefícios e um cargo. É parte da jornada para sua carreira, não o fim. Pense nisso.