Superlotação, falta de agentes e a mesma rotina conturbada. Esta continua sendo a realidade do Presídio Regional de Blumenau um mês depois da maior fuga do sistema penitenciário do Estado nos últimos quatro anos, quando 28 detentos saíram do local por um túnel. Treze ainda não foram recapturados.
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>> Confira quais são os 13 fugitivos que continuam foragidos:
Apesar da troca do chefe de segurança e da presença diária de uma equipe de apoio com cerca de cinco agentes que se desloca todos os dias de algum ponto do Estado para dar apoio ao trabalho em Blumenau, os problemas continuam.
Para apurar as responsabilidades sobre a fuga no final de janeiro há investigações: uma da Polícia Civil de Blumenau e outra da Corregedoria da Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania. Os dois processos têm, a princípio, 30 dias para serem concluídos, porém a corregedora Carolini de Campos Vicente De Bona Portão já informou que deve pedir a prorrogação do prazo para a sindicância que corre na Capital:
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– Ainda temos que fazer algumas averiguações, são várias pessoas que temos que ouvir e provavelmente vou pedir prorrogação do prazo, até porque depois disso (da fuga) vieram outras situações do próprio presídio em que tivemos que parar o trabalho para iniciar outras apurações.
A corregedora não fornece mais informações sobre o que está sendo analisado, mas confirma que uma das linhas da investigação é a possível facilitação da fuga por agentes da unidade.
– Tudo está sendo investigado. Certamente tem a participação de visitantes também – completa.
Na última semana 87 presos foram transferidos do Presídio de Blumenau para o Complexo Penitenciário da Canhanduba, em Itajaí. A mudança ajuda a reduzir a superlotação, mas não muito, já que a unidade abriga atualmente quase o dobro das 450 pessoas para as quais foi projetada.
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Além disso, o pente fino feito no mesmo dia localizou cerca de 250 celulares, 1,7 kg de maconha, estiletes e armas brancas de fabricação artesanal, que poderiam ser usadas em ataques contra agentes e novas tentativas de fugas, por exemplo. Mas, de acordo com o diretor do Departamento de Administração Prisional (Deap), Alexandre Camargo Neto, não foram encontrados novos indícios de que presos estariam tentando escapar.
– Foi uma ação preventiva em todo o presídio, onde checamos todas as celas e galerias. Nenhum tiro precisou ser disparado e não encontramos novas rotas de fuga para os detentos – explicou após a operação.
A corregedora Carolini Portão ressalta que operações como esta vão continuar ocorrendo no presídio, que é hoje um dos que mais demanda atenção do governo do Estado.
Responsáveis pela unidade não passaram informações
O novo chefe de Segurança do Presídio de Blumenau, Iarandu Almeida, afirma que a rotina dentro da unidade continua normal e que os problemas decorrentes da estrutura do presídio são os mesmos. As revistas e operações pente-fino também ocorrem como antes, mas ressalta que outras informações não podem ser divulgadas. O diretor da unidade, Elenilton Fernandes, não foi localizado no Presídio de Blumenau nem por celular. A reportagem tentou contato com ele por dois dias seguidos, mas não houve retorno.
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Obra segue na Ponta Aguda
Com o tempo ajudando praticamente todos os dias, as obras da nova penitenciária, que começaram há um mês, seguem com tranquilidade. Na tarde da última quinta-feira havia um trator e seis operários trabalhando no local onde será construída a primeira parte do Complexo Penitenciário do Médio Vale, fazendo serviços de terraplenagem e topografia.
Esta é a primeira etapa da obra, que tem prazo oficial de 360 dias para ser concluída. A data da fuga dos 28 presos e da construção são próximas devido a uma força-tarefa realizada pela prefeitura no dia seguinte da evasão para liberar as licenças ambientais e de construção. A expectativa é de que a nova penitenciária ajude a solucionar o problema da superlotação no Presídio Regional de Blumenau, já que terá capacidade para 599 detentos.