Por Clóvis Reis, colunista do Santa
Moralmente, o governo Dilma acabou. O problema é a falta de perspectiva para o futuro. As ruas não estão suficientemente articuladas para a produção de novas alternativas e os gabinetes concentram representantes forjados no mesmo estilo político. O vácuo provoca angústia e melancolia. No caso da representação política, por um lado, estão aqueles que não têm moral alguma para a crítica. Fazem parte da mesma tripulação do barco que naufraga. Sobrando para o PT, vão junto pelo ralo. O medo explica o silêncio deles. No outro lado, situam-se aqueles cujo pescoço não está na guilhotina ainda, possivelmente pela tática defensiva adotada até o momento. São frios e calculistas. Querem que a sangria do governo dure até as próximas eleições. Quem sabe, resida aí alguma chance de vitória em 2018. A estratégia e seus protagonistas não me empolgam. No fundo, não há diferença substantiva entre os primeiros, os segundos, Dilma, Lula e o que se tem hoje. A lógica empregada na construção do castelo de cartas é a mesma. Se de algum lugar pode vir a mudança, a possibilidade está nas ruas. Na Espanha, onde morei, a transformação social vem da mobilização popular, de gente que cansou da armadilha bipolar PP-PSOE, no nosso caso, PSDB-PT. Dali pode vir o novo. A mobilização local ainda não alcançou este estágio. Encontra-se na fase de negação, no Fora PT, na antítese. É necessária a síntese. O que vem no lugar daquilo que não se quer? Eu espero que as ruas descubram. A minha esperança está nas pessoas.
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