Apesar da dificuldade de prever o cenário político e econômico, o catarinense Luiz Fernando Furlan, ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, está otimista. Para ele, mesmo que o processo de impeachment ainda esteja indefinido e que nenhuma mudança efetiva tenha ocorrido, já há uma retomada do ânimo no país. Ele falou a uma plateia de empresários na manhã desta terça-feira, durante o almoço do Grupo de Líderes Empresariais (LIDE), em Florianópolis.
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— Uma parte do empresariado já percebe, mesmo sem nada de concreto, apenas com uma indicação de mudança, um novo ânimo. Ontem eu estava numa reunião com 400 empresários que responderam a uma pesquisa de expectativa e já há uma inversão da curva — afirmou.
Exportação catarinense de suínos aumenta 19,6% no primeiro trimestre de 2016
Para Furlan, a economia brasileira sofre o efeito de um desânimo coletivo. Com a mudança de perspectiva, empresários tiram projetos da gaveta e voltam a reavaliar decisões de demissão, por exemplo, por acreditar em uma recuperação mais próxima.
— Quando uma pessoa levanta de manhã e acha que tem mais problemas do que trabalho para fazer, ela fica desanimada. Isso vem acontecendo com a sociedade brasileira, empresas e até governos estaduais e municipais — acrescentou.
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Para Furlan, o Brasil das cidades do interior, que são menos dependentes do governo central, está enfrentando melhor a crise econômica. Ele tributa isso ao bom momento do agronegócio brasileiro.
Aumento de custos no agrongócio e expectativa de exportações
Ex-presidente do Conselho de Administração da Sadia, Furlan é neto do fundador da empresa, Attilio Fontana. Ele comentou o aumento de custos na produção de suínos e aves, em torno de 23% nos últimos meses — devido, especialmente, à alta do preço do milho:
— Estamos no final da entresafra. Nesse momento, os preços brasileiros ficaram elevados em relação ao mercado mundial, mas no curto prazo deve ser corrigido. Algumas empresas maiores apelaram para fazer importação do Paraguai e da Argentina. Acredito que esse período será curto.
Processo do impeachment gera otimismo no mercado
Entre as boas notícias do setor está o crescimento da exportação de carne suína. Em março, saíram pelos portos brasileiros 65,6 mil toneladas de carne suína, um volume 78% maior em relação ao mesmo período do ano passado. Com isto, as exportações no primeiro trimestre de 2016 chegaram a 164,9 mil toneladas – volume 77,8% superior ao alcançado nos três primeiros meses de 2015.
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— O Brasil tem conseguido avançar em alguns acordos sanitários. Há um bom trabalho do Ministério da Agricultura, dos governos estaduais e das entidades de classe. Há uma boa expectativa de expansão do mercado e crescimento das exportações — afirmou.