Recebido de pé e em meio a aplausos fervorosos, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, falou para uma plateia lotada na noite desta segunda-feira no auditório do Centreventos na Vila da Regata, em Itajaí. Diante de um público afoito por declarações polêmicas contra a corrupção no país, o jurista surpreendeu por tratar do tema ética na administração pública e privada sem citar uma única vez o escândalo na Petrobras ou a operação “Lava-Jato”.
Continua depois da publicidade
::: Onde fica cada atração na Vila da Regata
::: Leia todas as notícias sobre a Volvo Ocean Race
::: Confira programação completa da Itajaí Stopover
Barbosa preferiu relembrar a história, foi lá para meados da colonização portuguesa no Brasil buscar os primeiros indícios para explicar o que chamou “de sensação infeliz de que o público e o privado são a mesma coisa”.
Continua depois da publicidade
– O patrimonialismo está incrustado na psique dos brasileiros, faz parte do nosso DNA – disse.
E trouxe números para comprovar. Segundo ele, estima-se que dos R$ 5 trilhões do Produto Interno Bruto (PIB) do país, entre 1,38% e 2,18% “evaporem pelos ares por força da corrupção”.
Como solução para combater o problema, Barbosa apontou o fortalecimento, estabilidade e a independência do Judiciário. Isso tudo “com alta dose de simplicidade” na legislação que norteia o sistema jurídico do país.
– Nenhuma economia prospera sem um sólido sistema político-econômico, que seja estável e confiável – afirmou.
Continua depois da publicidade
::: Veja o que comer e beber na Vila da Regata
O ex-presidente do STF também criticou a banalização das indicações políticas na ocupação dos cargos comissionados na administração pública. Barbosa, que foi funcionário público por 41 anos, disse que em sua época, a maioria dos indicados eram concursados e já trabalhavam nas áreas para as quais eram destinados. Ele destacou como bons exemplos os quadros da Receita Federal, Banco Central, do Superior Tribunal Federal e do Ministério da Agricultura.
– Hoje em dia, o que se vê é uma guerra entre os políticos para nomear os apadrinhados, que existem para facilitar “negociatas” e não para as realizações governamentais de interesse coletivo – observou.