A assistente social aposentada Alice Thümmel Kuerten, 69 anos, começou cedo no voluntariado. Aos 14 anos, dava aulas em uma creche de Brusque e esse foi só o começo de sua caminhada para ajudar aos outros. Mãe do ex-tenista número 1 do mundo Gustavo Kuerten, ela já foi voluntária em 13 instituições e continua atuando em diversas delas.
Continua depois da publicidade
Há 18 anos, ajudou a fundar o Instituto Guga Kuerten (IGK), em Florianópolis, que promove oficinas esportivas e atividades educacionais para crianças, adolescentes e pessoas com deficiência. Em quase duas décadas já foram mais de 80 mil pessoas atendidas nos programas desenvolvidos pela organização sob o comando dessa catarinense nascida em Blumenau.
Como reconhecimento de todo o trabalho, Alice é a embaixadora da edição deste ano do Prêmio Empresa Cidadã, promovido pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Santa Catarina (ADVB/SC) – a premiação ocorre no dia 23 de agosto.
Mas essa história ainda promete outros capítulos. Nesta entrevista, Alice afirma que planeja realizar muita coisa. A principal delas é “abraçar” ainda mais a comunidade em pontos essenciais, como saúde e educação. Para isso, governo, ONGs e empresas precisam trabalhar em conjunto.
Como começou seu envolvimento na área social?
Continua depois da publicidade
Desde mocinha, sempre gostei de trabalhos sociais, de ajudar. Eu fazia desde pequena, me formei em Serviço Social, fiz vários estágios na época e depois nunca mais deixei de ser voluntária. O meu voluntariado oficialmente começou aos 14 anos, quando dava aula no jardim de infância, em Brusque. Antes disso, eu tive algumas ações, que considero importantes para mim, que me mostrou como era bom ajudar os outros. Eu via as pessoas que colaboravam com minha vó, aí elas iam para casa e tinham de fazer o trabalho delas. Aí eu pedia para minha mãe para ir junto e ajudá-las em casa, assim que começou.
O catarinense tem a disposição para ajudar?
Eu diria que sim, a população de classe média baixa é a mais solidária, as pessoas que menos têm são as mais solidárias sempre. Você pode olhar em tragédias, em momentos que tem que alavancar uma campanha. As pessoas se predispõem mais, elas podem não ter tanto recurso financeiro, mas elas têm mais facilidade em oferecer moradia, de serviço. Eu acho que o catarinense é bastante solidário.
E o que é mais importante no voluntariado?
Eu diria que hoje o mais importante é doar o seu saber. Porque o saber das pessoas é muito caro. Às vezes, você precisa contratar um auditor para fazer uma auditoria na instituição e é muito caro. E por que um auditor não pode fazer uma auditoria de graça? Ajuda financeira é imprescindível, não resta dúvida, mas doar o seu saber é muito importante.
O que ainda quer realizar?
A gente não pode dizer que uma instituição abraça uma cidade, normalmente ela abraça uma comunidade. Nós aqui estamos no Itacorubi, eu não consegui realizar esse sonho, mas ainda pretendo fazê-lo (de dar conta da comunidade). Através do nosso projeto (o IGK), a gente pode alcançar as escolas, que já estamos fazendo, os postos de saúde. Então, mobilizar todos os recursos que se oferece para o cidadão, isso a gente precisa muito. Quando se fala em empresa cidadã, por exemplo, tem que, no mínimo, olhar para o seu entorno, ajudar naquilo que precisa. Se a escola que está aqui perto precisa de alguns recursos, sei que é responsabilidade do governo, mas eu vou somar com o governo naquela escola. Mas eu acho que a gente tem que começar a ver o que cada bairro precisa, porque todos precisam de saúde e educação como ponto básico. Temos que começar a ver o que conseguimos fazer.
Continua depois da publicidade
Esse trabalho já vem sendo desenvolvido pelas empresas ou ainda é muito incipiente?
Poderia ser melhor, mas eu observo que está acontecendo. Tem municípios como Jaraguá do Sul, por exemplo, que os empresários se reúnem com esse objetivo, de transformar a cidade culturalmente na saúde e educação. Se não consegue uma união com outras empresas, pelo menos faça sua parte. O que eu vejo de empresa cidadã é isso: o que eu estou fazendo para a minha comunidade? A minha empresa tem que ser um cidadão também, desenvolver a cidadania. Não só pensar que está beneficiando apenas os seus empregados. Se é uma empresa que dá lucro, que bom. Ela tem que dar lucro mesmo. Falam “eu estou pagando meus impostos”, mas tudo isso é obrigação. Mas hoje tem a possibilidade das empresas não pagarem tudo em imposto, há as leis de incentivo. Isso é uma forma de ajudar também. Pode utilizar a mão de obra também para emprestar para a comunidade. Pegar os seus funcionários e liberá-los para visitar determinada ONG, ajudar para ela ser melhor, ter mais recursos. Tudo isso é uma engrenagem importante. Empresa privada, governo, ONGs, temos que trabalhar juntos, senão a gente não consegue.
Projeto de voluntariado leva alegria a pacientes internados em um hospital de Joinville