Projeto de voluntariado leva alegria a pacientes internados em um hospital de Joinville

Uma artista à espera de reconhecimento e sua colega distraída e paqueradora. Juntas, as palhaças Dorotéia e Minhoca levam alegria a pacientes, acompanhantes e funcionários do Hospital Dona Helena, de Joinville. Assim como a dupla formada pelas amigas Taisa Baumer Estrela, de 31 anos, e Marcia Miranda de Oliveira, de 50, dezenas de voluntários se revezam para visitar os quartos cumprindo a missão do projeto Hospirrisos — Agentes da Alegria.

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Voluntária desde a primeira turma do projeto, formada em 2006, Taisa Baumer lembra que não tinha nenhuma relação com a palhaçaria antes de entrar para o Hospirrisos. Ela era estudante de enfermagem no Bom Jesus/Ielusc, instituição que em parceria com o Hospital Dona Helena iniciou o projeto que hoje conta com 40 voluntários. A vontade em ajudar o próximo lhe motivou a criar uma personagem e lhe incentiva a incorporá-la até hoje, a cada 15 dias.

– Quando você gosta do que faz, sente a necessidade de voltar. Por algum momento, você consegue desviar o foco, a atenção daquele paciente. Aquele instante faz a diferença. Eu amo e acredito nisso – diz Taisa, que é enfermeira em uma unidade de pronto atendimento da zona Sul de Joinville.

A parceria com Marcia é de um ano, tempo suficiente para a dupla estar bem alinhada. Enquanto Dorotéia, com sua flauta de boca, toca o clássico O Sapo não Lava o Pé, Minhoca aponta uma lanterna para a colega e brinca: “ela tem luz própria”. Nos corredores e nos quartos, as duas distribuem presentinhos e contam histórias para animar o dia de quem frequenta o hospital. Às vezes, os pacientes não aceitam a visita, mas a negativa não as incomoda. As agentes da alegria seguem em frente em busca de mais sorrisos.

— O que nós fazemos aqui são coisas simples. Quando eles veem o colorido, eles já sorriem – diz Marcia, que conta orgulhosa que tem o apoio e a admiração de sua família pela atividade que exerce no hospital.

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Professora em um Centro de Educação Infantil de Joinville, profissão que já exerce há 27 anos, Marcia diz que logo deve se aposentar, mas da palhaçaria ela não pretende se afastar tão cedo. Em seu terceiro ano como voluntária, Marcia acredita que o dom de ser palhaço está no sangue.

As duas contam que chegam nos quartos com um roteiro de início pronto, mas nem sempre esse roteiro é seguido, já que “cada visita é um momento único” e que o desenrolar da visita depende da sensibilidade da dupla em perceber o que é, e o que não é adequado para a ocasião. Sem receber nada por isso, elas garantem que vale à pena.

– Mesmo cansada, eu venho. Porque eu saio daqui leve. É gostoso e gratificante – afirma.

Projeto faz parte do Programa de Humanização do hospital

Das 80 pessoas que integram o time de voluntários do Programa de Humanização do Hospital Dona Helena, 40 são do Hospirrisos, informa a coordenadora do programa, a psicóloga Maria José Varela. Ela explica que todos passam por uma etapa de integração, quando as normas do hospital são repassadas.

Os voluntários participam de oficinas ministradas por Fernanda Moreira, do Studio Escola de Atores. Depois de uma série de seis encontros, eles passam por uma avaliação que observa questões como personagem, voz, figurino e identidade do palhaço.

Apesar de contar com um grande número de voluntários no hospital, ela diz que 50% são realmente assíduos. Os voluntários escolhem a frequência que podem realizar as visitas. E o mais importante é o comprometimento.

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— O resultado é visto nas relações, no clima, no humor, no astral das pessoas. É como aquela frase do filme do Patch Adams: ‘o amor é contagioso’. Não há outra coisa que mova o voluntário que não seja o amor — acredita Maria José, que está há 20 anos à frente do Programa de Humanização.

Além do Hospirrisos, há outras iniciativas voluntárias, como o serviço de capelania, que tem o objetivo de levar esperança para os pacientes. Alunos da Associação Catarinense de Ensino (ACE) também atuam como voluntários, por meio da pedagogia hospitalar. Também há grupos que realizam apresentações culturais na unidade e uma voluntária que oferece jogos para os pacientes.

As seleções para novos voluntários do Hospirrisos ocorrem nos primeiros meses do ano. Quem tiver interesse, deve aguardar a divulgação oficial que será publicada no site do hospital. O programa é aberto para todas as pessoas. Quem quiser saber mais, pode entrar em contato com a coordenadora do programa pelo e-mail maria.jose@donahelena.com.br.

* Alex é estagiário de jornalismo.