Nereu Martinelli deixa o cargo de presidente do Joinville após quase quatro anos de gestão. Esta é a primeira vez desde 2008 que ele não exercerá nenhuma função dentro da nova diretoria. Apesar do afastamento, garante que continuará apoiando o JEC, com indicações e buscas por apoio.
Continua depois da publicidade
Saiba mais sobre Jony Stassun, o novo presidente do JEC
Na última semana de seu mandato, falou sobre os bons e os maus momentos vividos dentro do Tricolor. O dirigente acredita que é preciso ser um pouco maluco para aceitar o desafio de dirigir um clube de futebol, por isso, não sabe se voltará a exercer algo oficial dentro do JEC nos próximos anos, apesar de reconhecer que sua vida estava completamente dedicada ao Joinville.
Maior felicidade
Continua depois da publicidade
– Dirigente normalmente não festeja, não tem tempo para isso, mas o título da Série B se tornou um título histórico para o Joinville. Eu sei que o titulo da Série C foi importante, mas ganhar a Série B é difícil, até porque o Joinville disputou com grandes equipes, superiores ao Joinville. Nós tínhamos Vasco da Gama e Ponte Preta. Do futebol, foi isso. Outro marco que deixo foram as ações sociais que o Joinville proporcionou para muitas pessoas na cidade. Cito aqui jogo dos padres, que rendeu um bom valor para as obras das freiras. Devemos também ter distribuído 500 camisas autografadas para entidades carentes. Solicitei inclusive ao Jony (Stassun) que continue fazendo isso.
Pior momento
– A queda para a Série B. Diria que foi a frustração principal como presidente do Joinville porque era um sonho de muita gente ver o Joinville na Série A. Mas eu preferi administrar o Joinville com a razão no ano passado. Não tem dinheiro sobrando, mas o Joinville hoje é um clube financeiramente equilibrado. Isso não significa que em algum momento o presidente Jony não tenha que tirar dinheiro do seu próprio bolso.
Credores
– O Joinville deve para três pessoas: Nereu Martinelli, João Martinelli e Jony Stassun. É importante que o torcedor saiba que o Jony nem é presidente do clube e já colocou dinheiro. Se o clube sobreviveu até hoje foi graças a essas pessoas que colocaram recursos próprios para que o Joinville pudesse existir. Nós vamos fechar agora em março devendo R$ 5 milhões. Quando assumi, eram R$ 15 milhões. E claro que nós vamos receber. O presidente Jony vai pagar. Na verdade, esse dinheiro está vinculado a bancos. Nós pegamos no nosso nome nos bancos e a cada dia que vence prestação o Joinville deposita um valor e nós pagamos os bancos.
Continua depois da publicidade
O ônus
– Eu não gosto que as pessoas critiquem presidente e diretor de clube nenhum. Gente séria não se mete com futebol. Eu tenho um pouco de maluquice, o Marcio (Vogelsanger) tem um pouco, o Jony tem um pouquinho mais de maluquice. E eu fiz isso por amor ao cube, amor à cidade. Larguei o escritório durante oito anos, deixei de fazer negócios em prol do Joinville. As pessoas que aceitam isso devem ter um parafuso frouxo porque numa situação normal não aceitariam largar a família, se estressar, ser ofendido como fui e ter de ficar quieto por uma coisa em que você não ganha nada.
Base
– Que bom seria se o Joinville tivesse apenas o time profissional e não tivesse divisão de base. Seria muito mais viável fazer isso. Se me perguntassem ?você prefere ter divisão de base ou fazer investimentos em atletas, comprar atletas e incorporar atletas ao elenco??, eu diria que é muito mais seguro buscar investimentos em clubes e comprar atletas para dentro do clube do que gastar fazendo investimentos na base e não saber o que vai sair. O risco de errar é muito menor.
Negociações
– Há quantos anos o Joinville não emprestava dois da base para o Flamengo e um para o Fluminense? O Agenor é 100% do Joinville. O Bruno Aguiar, o Diego, o Naldo é 40% do JEC. Estamos deixando o Anselmo, que dificilmente fica até a janela de junho. O Kadu tem inúmeras propostas de Série A. As pessoas dizem que não têm que vender o Anselmo. Acho que tem que vender, sim. Você precisa manter a vida financeira do clube girando, é assim que se faz futebol.
Continua depois da publicidade
Cobranças
– A cobrança de família é pior. Meus irmãos cobravam bastante. O João (Martinelli) cobrava muito. Ele foi umas das pessoas que mais colaboraram com o Joinville em todos os sentidos. Financeiramente, no desenvolvimento de área de marketing… Embora ele não aparecesse, sempre estava ajudando. A divergência sempre existe, mas, no futebol, se três pessoas são contra e uma é a favor, quem está sozinho precisa se unir à maioria.
Futuro
– Na semana que vem, eu estarei aqui, no meu escritório, como todos os dias, já como cidadão normal. Vou focar em algumas coisas do escritório e também num projeto social do padre Fernando. Estou preparado para sair. Vai ter sempre gente de fora me ligando, pedindo indicações. Não vou mudar, mas não sei se volto. Entrei sem querer, em 1998. Nunca imaginei entrar no futebol, mas vou continuar ajudando. Isso é gostar do Joinville.
Nereu Martinelli faz balanço de seus quatro anos à frente do Joinville
Nereu Martinelli faz balanço de seus quatro anos à frente do Joinville
O empresário Jony Stassun, 47 anos, assume hoje a presidência do JEC com a missão de conduzir o Tricolor a novas conquistas estaduais e a levar o clube novamente à Primeira Divisão do futebol brasileiro. Apesar de sonhar em atingir esses objetivos e de resgatar a confiança da torcida – abalada após a queda à Série B -, o novo mandatário do Joinville sinaliza que fará uma gestão com os pés no chão, norteada pela responsabilidade administrativa e financeira.
Continua depois da publicidade
Leia mais notícias sobre o JEC
Entre as suas missões está provar que, mesmo sem um nome tão conhecido no cenário do futebol, será capaz de manter a equipe brigando de igual para igual com os outros times dos cenários estadual e nacional.
O plano principal
– O nosso objetivo é montar uma equipe competitiva para a Série B. O torcedor cobra muito essa questão por causa da queda do ano passado. Eu estou consciente dessa situação, mas as coisas têm que ser feitas passo a passo. Nós precisamos ir em busca de recursos para que a gente possa cumprir o nosso orçamento. É muito importante que o clube não passe por necessidades financeiras. Hoje, não temos dinheiro sobrando. Hoje, as contas estão equilibradas. É claro, vão vir novas contratações, mas tudo dentro do padrão do clube.
Financeiro
– Da forma como as coisas podem acontecer, com essa questão da janela de transferência no meio do ano, há a questão do Anselmo e também do Kadu (atletas que interessam a outras equipes). Isso vai trazer um reforço muito grande para o nosso caixa. Mas creio que do jeito que estamos montando a questão administrativa e financeira, o clube vai precisar menos do socorro do presidente para apagar incêndio. O clube tem que andar com as próprias pernas.
Continua depois da publicidade
Conselhos de Nereu
– O principal é agir com a razão. Você sai da posição de diretor, de torcedor, de patrocinador, que tem muita emoção envolvida, que sempre quer o máximo que o clube pode trazer em matéria de resultado e conquista. Isso, muitas vezes, tem que deixar de lado. Você precisa ter calma, respirar, refletir. Se for tomar atitude na emoção, você pode acabar não prejudicando só você como presidente, mas outras pessoas.
Vontade de virar presidente
– Eu sempre fui muito ligado ao esporte e isso está meio que no DNA, de sempre estar procurando alguma coisa. Independentemente de quando estava no basquete ou no futebol, as pessoas questionam por que eu procuraria algo para me incomodar. Mas é algo que é uma necessidade que você tem. Eu não estou sendo presidente do Joinville por obrigação. Eu estou sendo presidente do Joinville porque eu quero, porque eu gosto. O Joinville merece um tratamento de ponta, é um clube da cidade. São mais de 220 mil curtidas no Facebook, próximo dos 10 mil sócios. Quando você fala do Joinville Esporte Clube, você não fala só de Joinville, mas de toda a região. Isso pesou muito na minha decisão.
Vida profissional
– Eu estou conseguindo conciliar, conseguindo levar as duas coisas da forma como eu gostaria. O futebol é interessante porque as coisas vão aparecendo. Quando você acha que algo está resolvido, aparece um fato novo. Mas eu estou conseguindo conciliar. Há uma equipe qualificada na empresa. Esse aspecto, a gente está conseguindo trabalhar muito bem. O fato de eu estar no futebol não está prejudicando a empresa. Desafio Sempre que vou participar de algum projeto, eu tenho muita confiança. Acho que o medo não vai te trazer nada de positivo. O medo inibe muito as pessoas. Você tem que estar confiante no seu trabalho e motivado. Eu penso muito no JEC. Ele representa toda uma cidade, toda uma região. Isso tudo serve de combustível. Hoje, o torcedor quer resultado. O futebol profissional é o carro-chefe. Se não tiver resultado, você não tem renda, você não tem sócio, não tem torcedor em campo, não tem patrocinador. São engrenagens que precisam se encaixar para girar no mesmo sentido.
Continua depois da publicidade
Confiança da torcida
– É um desafio pelo fato de não ser um cara muito conhecido no meio do futebol. Isso (vontade de trabalhar) é algo que a gente tem que transmitir para que ele (torcedor) não perca a confiança. Muitas vezes, ele perde a confiança no presidente e depois no clube. Mas se ele vir que veio alguém que quer trabalhar, quer fazer com que o clube evolua, ele vai ter essa confiança.
Sonho
– Como presidente, são títulos. Conseguir conquistar um Catarinense, conseguir o acesso para a Série A. Todos nós temos os nossos sonhos. Sendo campeão da Série B novamente, mas, como eu digo, são sonhos. Para isso acontecer, a gente tem que fazer as coisas passo a passo para transformar isso em realidade.
Jony Stassun fala sobre os desafios de assumir a presidência do JEC
Jony Stassun fala sobre os desafios de assumir a presidência do JEC