O último ciclo de alta de juros nos Estados Unidos ocorreu entre junho de 2003 e junho de 2006. Esse ciclo, durante o mandato no Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Alan Greenspan, foi caracterizado pelo passe suave e constante de 25 pontos-base de alta e pelo uso da comunicação como ferramenta de política monetária. Muitos atribuem à forma como foi conduzida essa alta de juros a crise do subprime em 2008.
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Existem vários motivos que justificam uma provável postergação da elevação dos juros nos EUA para depois de junho deste ano. O PIB apresentou contração no primeiro trimestre, o mercado de trabalho criou vagas abaixo das expectativas e a inflação se manteve insistentemente em patamares próximos do zero. Logo, não existe um cenário claro de que o país imprima um ritmo confiável de recuperação econômica.
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Por outro lado, alguns economistas atribuem esses valores abaixo do esperado ao chamado “efeito estatístico do clima”, devido ao rigoroso inverno deste ano. Além disso, alguns dados do mercado de trabalho mostram um resultado excelente: o desemprego vem caindo e deve ficar abaixo da taxa de equilíbrio, os aumentos dos salários têm ficado em torno de 2% ao ano e a inflação, sem considerarmos a parte energética, está próxima de 2% ao ano. Neste sentido, há indícios de futuras pressões inflacionárias
na economia.
É importante ressaltar que, até o momento, toda a comunicação utilizada pelo Fed deixa aberta a possibilidade de uma alta de juros em junho ou setembro, apresentando como provável o aumento de juros ainda neste segundo semestre. As questões recaem em relação a qual ritmo de alta será utilizado e em quanto tempo chegaremos a uma taxa anual de 2%.
Devido ao cenário local e à nossa fragilidade, estamos entre os emergentes mais suscetíveis a sofrerem com uma alta de juros do Fed. O impacto, porém, não seria pela alta em si dos juros americanos, pois uma alta de 50 pontos-base é marginal contra uma Selic (taxa de juros) provável de 14% ao ano. Os riscos tendem a vir da fuga do investimento estrangeiro, que tem sido vital para equilibrar os déficits brasileiros, bem como sustentar os níveis atuais do Ibovespa.
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