O motorista do ônibus incendiado no início da noite desta sexta-feira em Florianópolis estava calmo ao chegar na 3ª Delegacia da Capital, em Capoeiras, acompanhado do cobrador. Chegaram sozinhos, em um carro, quase duas horas após o incidente. Ambos não quiseram ser identificados na matéria.

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Na porta da DP, três agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais esperavam ansiosos pelas duas testemunhas do crime. Para justificar a demora em aparecerem para registrar o boletim de ocorrência, o motorista disse que precisou ir até a casa do colega para acalmar a família.

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– A história já estava na TV e sabe como são estas coisas, doutor – explicou.

Após uma breve conversa na rua, os cinco entraram na delegacia, onde ficaram por cerca de 15 minutos. Os três agentes saíram em seguida e as duas testemunhas tiveram que esperar mais um instante para registrar o BO. Enquanto aguardava, o motorista saiu por duas vezes para tentar entrar em contato com a família. Funcionário da empresa há 5,5 anos, ele queria acalmar os ânimos em casa, onde estava sua esposa, a filha de oito meses e a sogra.

Diário Catarinense – O que o senhor pode dizer sobre o que aconteceu?

Motorista – Não tenho muito a dizer, como expliquei aos policiais lá dentro. Eu estava parando para pegar mais passageiros no ponto do condomínio Panorama e aí o rapaz entrou com a arma em punho e pediu calmamente para todo mundo descer. Depois o ônibus pegou fogo.

Diário Catarinense – Quantas pessoas estavam no ônibus?

Motorista – Tinha entre 10 e 15 pessoas, por aí.

Diário Catarinense – E eram duas pessoas?

Motorista – Eu só vi um, que foi o que entrou na frente. Mas disseram que tinha outro lá atrás, que colocou o fogo. Eu não vi.

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Diário Catarinense – E ele falou alguma coisa, mencionou alguma intenção para fazerem aquilo?

Motorista – Não falou nada, não. Eu nunca fui assaltado, mas a gente sabe pelos colegas que quando querem assaltar um ônibus o cara entra com a arma enfiada na calça e só mostra assim, levantando a camiseta. Este surgiu não sei de onde e estava segurando a arma, mas não apontou para ninguém. Eu larguei o volante e abaixei a cabeça. Foi então que disse para que todo mundo descesse porque eles iriam colocar fogo. Eu saí correndo que nem olhei para trás. Fui para uma padaria ali perto, porque vai que ele desiste e me acha pra Cristo.

Diário Catarinense – E não levaram nada de valor?

Motorista – Não levaram nada. As notas queimaram junto com o ônibus. Só sobraram as moedas mesmo.

Assista ao vídeo do momento do incêndio no bairro Monte Cristo: