Marcado por projetos polêmicos, o primeiro ano de mandato do prefeito de Florianópolis, Cesar Souza Junior (PSD), foi de algumas promessas cumpridas e de preparação do terreno para obras e ações nos próximos anos. A prefeitura lidou com temas espinhosos, como o Plano Diretor da Capital, as licitações do Mercado Público e os projetos de mobilidade urbana, esta última uma das questões de maior interesse dos moradores da cidade.

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Fazendo um balanço do ano, Cesar Junior admitiu que 2013 foi de grandes desafios para administração municipal, sobretudo na implementação do Plano Diretor – que foi aprovado em primeira votação na Câmara de Vereadores edeve ser analisado novamente nesta segunda-feira.

O prefeito reforçou os compromissos que anunciou durante a campanha eleitoral de 2012 – cerca de 80 promessas nas áreas de saúde, infraestrutura, segurança, educação, turismo e economia – e lançou um novo compromisso: após assinatura do Plano Diretor, a lei será levada para avaliação popular, de onde podem surgir emendas e alterações. Outro anúncio de campanha cumprido neste ano foi a ampliação da oferta de vagas em creches durante o verão.

Embora as principais promessas de primeiro ano tenham sido cumpridas, outras ainda não saíram do papel. Entre elas estão a criação da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, a construção de novas marinas, a instalação do sistema de semáforos sincronizados, concurso para guarda municipal e um site, do tipo “reclame aqui”, em que a prefeitura teria um prazo de 48 horas para dar respostas às reclamações do cidadão. Quanto a estas, o prefeito garante que providências estão sendo tomadas e que serão estabelecidas nos próximos anos.

Há também a meta de colocar a tarifa de ônibus entre as cinco mais baratas das capitais do país. Para Cesar Junior, já foi uma vitória a passagem não ter aumentado em 2013:

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– O país todo aumentou, alguns voltaram atrás por conta dos protestos. Ao não aumentarmos já caímos bastante no ranking. Na nova licitação, a passagem vai cair mais 10 centavos e por três anos vamos garantir que esse valor fique fixo. Com essas medidas vamos chegar ao final do mandato com essa promessa atendida – afirmou o prefeito.

:: Entrevista

DC – Qual avaliação do primeiro ano deste mandato?

Cesar Souza Junior – Ano de muitos desafios e de colocar a casa em ordem, enfrentar questões que estavam sendo empurradas com a barriga há muito tempo. Vou citar aqui a questão da greve do transporte coletivo vinculado ao aumento das passagens na qual conseguimos quebrar essa lógica. A decisão do Mercado Público que era uma decisão judicial de muito tempo. A questão referente à licitação do transporte coletivo e o Plano Diretor. Eram questões que precisavam ser encaradas e enfrentadas. Foi um ano que conseguimos reaproximar a prefeitura da população, ter uma gestão mais próxima do povo e retomar canais de diálogo com a Justiça, Ministério Público, órgãos federais e estaduais de licenciamento. Posso assegurar que tive muito apoio. A gente teve muito compreensão. Um ano de fazer com que todos passassem a remar para o mesmo lado.

DC – Qual conquista é considerada a mais importante?

Cesar Junior – Eu diria que foi o Plano Diretor. Uma lei extremamente difícil, polêmica, foram anos de discussão, fazendo audiências públicas. Uma lei sobre a qual todo mundo opina. Mas acho que chegamos a um texto equilibrado que será de grande avanço pra cidade. Já quero antecipar que após a sanção do projeto, que deve acontecer no final de janeiro e começo de fevereiro, iremos avaliar todas as emendas e as que eventualmente não se coadunem com a essência do plano poderão ser vetadas. A gente vai voltar aos bairros com aquilo que foi aprovado para fazer uma analise junto com a população, deixando muito clara nossa intenção de democratizar o acesso, até para gente identificar eventuais problemas e incoerências que podem ser revisadas ainda em 2014.

DC – Como será esse processo de democratização da lei depois de aprovada?

Cesar Junior – É uma lei básica, depois voltamos aos bairros para discutir os planos. E tem ainda questão de mobilidade, que será inserido ao Plano Diretor, que tem uma série de legislações complementares, que a gente vai agora avançar em parceria com a população. Estamos lançando um concurso para 100 novos fiscais e analistas de projetos. É uma lei que precisa ser fiscalizada.

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DC – Este foi um ano marcado por projetos junto à população, como o Prefeitura no Bairro e Orçamento Participativo. Qual o desafio de dialogar com os cidadãos?

Cesar Junior – Quando eu decidi fazer o Prefeitura no Bairro, até auxiliares próximos diziam que eu tinha ficado louco. Como o prefeito iria para o bairro, de peito aberto, viria muito pedido pessoal. Mas isso foi bom para aqueles que não acreditavam. Teve uma elevada participação, sempre com casa cheia. E população trazendo temas de interesse coletivo, então percebi que Florianópolis tem um senso comunitário muito forte. Fizemos 31 edições do Prefeitura no Bairro e ano que vem a meta é chegar a 40 edições.

DC – Durante sua campanha eleitoral em 2012, algo em torno de 80 promessas foram feitas. Algumas ainda não foram cumpridas. O que o senhor gostaria de ter feito esse ano e não conseguiu?

Cesar Junior – Olha, meus compromissos eleitorais estão permanentemente sobre minha mesa. Não teve um único compromisso de campanha que não teve uma ação. Alguns eram compromissos de primeiro ano e estes foram cumpridos. Agora, o que eu gostaria de ter feito e ainda não consegui fazer, queria ter iniciado as obras do PAC. Isso não aconteceu em função do cronograma do governo federal. Minha expectativa é ano que vem já iniciar a faixa exclusiva de ônibus em torno do morro, o teleférico e o obras de pavimentação, drenagem, lajota e calçada em bairros com os R$ 90 milhões que nós temos assegurados.

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DC – E com a visita recente da presidente Dilma a SC, em novembro, isso já foi tratado?

Cesar Junior – Sim, nós conversamos. Na verdade eu levarei a presidente no começo do ano que vem alguns projetos importantes. A audiência deve ficar para fevereiro. Ela se mostrou interessada e pediu que levasse à Brasília esses pedidos.

DC – Para 2014, quais serão as prioridades?

Cesar Junior – Primeiro, concluir a licitação do transporte coletivo, com novos modelos de ônibus, mais novos e confortáveis, e regras mais claras. Iniciar a faixa exclusiva para ônibus e o teleférico. As obras de drenagem e pavimentação nos bairros, sobretudo nas regiões do Ingleses, Rio Vermelho, Campeche, Tapera. Também temos uma meta de construir 500 casas. E a questão do BID educação, o projeto estava travado há três anos, deve ser levado ao senado em fevereiro e teremos o caminho para construir 25 novas creches, criar 4 mil vagas e acabar com o déficit de vagas na educação infantil que é um dos nossos compromissos.

DC – O senhor, por ser um dos prefeitos mais jovens a administrar uma capital, sofreu algum tipo de preconceito pela idade?

Cesar Junior – Eu acho que havia uma parcela de pessoas que colocavam um certo descrédito preconceituoso. Mas eu recebi muito mais apoio do que críticas. Tenho ouvido uma frase que muito me agrada: “eu não acreditava, mas estou gostando”. Realmente há um preconceito em qualquer área, contra mulher, contra negro, contra o jovem, preconceitos que se respondem com trabalho e resultado.

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