Pelo menos para as estatísticas, a violência está diminuindo em São José. Conforme divulgou a Polícia Militar na última quarta-feira, os furtos caíram 24% e os roubos, 30% no último mês, em comparação com mesmo período de 2016. Esses são os crimes mais praticados na cidade. No entanto, esses números podem não refletir a realidade. A PM explica que o motivo é porque muitas vítimas não registram as ocorrências.
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De acordo com os dados divulgados pela PM, Kobrasol, Campinas e Barreiros são os bairros mais perigosos de São José. Juntos eles representam por metade dos crimes na cidade. Segundo a polícia, as ações dos últimos dias nesses locais resultaram na migração do crime, o que é considerado um solução para reduzir a sensação de medo das pessoas.
Foi o que a reportagem da Hora de SC constatou nesta quinta-feira. Apesar de estar no topo da lista de furtos e roubos, o pessoal do comércio do bairro boêmio de São José não sente tão inseguro. A Hora visitou seis estabelecimentos da principal via do Kobrasol, a avenida Lédio João Martins, e ninguém disse ter sido assaltado no último mês, com a exceção da sorveteria Frutos de Goiás. Essa realmente não teve sorte: na terça-feira passada sofreu o quarto assalto em seis meses.
— Quatro adolescentes nos abordaram, dois armados. Pegaram o dinheiro do caixa e os pertences dos clientes — lembra a atendente Aline Souza, de 18 anos, e que, apesar de nova, já se acostumou.
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Ao que parece, os criminosos migraram para uma comunidade que não está entre aquelas três primeiras: o Bela Vista. O tradicional bairro de São José já foi inclusive notícia na Hora em abril do ano passado em reportagem sobre a violência. Um dos estabelecimentos citados era a padaria Vó Kota, assaltada dez vezes em seis anos. Nada mudou: no último mês criminosos levaram o dinheiro do caixa de novo. A atendente não quis se identificar, mas disse que depois desse caso, ainda tentaram arrombar o estabelecimento, desta vez sem sucesso.
“Não perdoam nem a igreja”
A cabeleireira Eliene Bion mudou a rotina desde que foi assaltada na igreja do Evangelho Quadrangular do Bela Vista. Quando vai para o culto, não leva nada. Ela e mais sete fiéis foram roubados no dia 22 de fevereiro por um homem encapuzado durante um ensaio. Isso que alguns dias antes tinham furtado os instrumentos musicais da igreja.
— Aqui no Bela Vista a gente não pode desligar. Eu sempre peço segurança nas minhas orações, mas muita gente não tem Deus no coração — conta.
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“Nem lavo mais meu carro na rua”
O filho da dona Eliene, o também cabeleireiro Felipe Bion, de 33 anos, teve o carro roubado na frente de casa. Ele conta que há três semanas dois jovens o renderam à mão armada. Entregou o carro e o celular. O veículo foi recuperado, mas o telefone e os bandidos nunca mais.
— Eu nem lavo mais meu carro na frente de casa. Aqui no bairro, estamos reféns.
O cabeleireiro reclama que outros vizinhos também foram assaltados recentemente, mas que não fazem boletim de ocorrência. Esse seria um dos motivos pela baixa presença da PM no bairro.
Polícia destaca importância do BO
Sem dados, a PM não tem como planejar ações de combate ao crime. É o que explica o coronel Araújo Gomes.
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— As estatísticas mostram uma redução considerável de furto e roubo devido às intervenções que estão sendo feitas nas últimas semanas no município — explicou o comandante da 11ª Região da Polícia Militar.
A secretária de Segurança, Defesa Social e Trânsito de São José, Andréa Pacheco, salienta que a partir dessas estatísticas, o gabinete de gestão integrada, que trata da segurança pública da cidade, fará um planejamento para 2017.
— Este ano, teremos um orçamento específico para a segurança do município, possibilitando o custeio de ações efetivas que o gabinete planejar para garantir segurança aos moradores. Vamos adquirir novas viaturas para a Guarda Municipal e coibir os furtos e roubos, que são os crimes mais praticados na cidade — promete.
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Atualmente o município de São José, que tem 236.029 habitantes, conta com um efetivo de 240 policiais militares e 106 policiais civis. Uma média de 682 agentes por habitante.