A comunidade do bairro Bela Vista, em São José, está temerosa com a criminalidade na região. Moradores ouvidos pela reportagem da Hora nesta semana contaram ter sofrido um assalto recentemente ou o caso de alguma vítima próxima. Além disso, têm de conviver com uso e venda de drogas nas ruas.
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Eles relatam que os assaltos, antes restritos à noite, agora acontecem à luz do dia. Pontos de ônibus são os principais alvos. Os bandidos quase sempre cometem o roubo em dupla, numa moto. No dia 8 de abril, a moradora Bianca Lorenzen foi assaltada à mão armada na rua Florianópolis.
— Levaram todos os meus pertences, celular, salário do mês, secador de cabelo e a bolsa com os documentos — lamenta.
Na sexta-feira passada, dois homens armados em uma motocicleta assaltaram um sacolão na avenida Brasil. A proprietária, Rosemeri Bueno, fica aliviada que os bandidos levaram apenas o dinheiro do caixa, sem agredir ninguém. Ela teve de contratar segurança privada para o estabelecimento.
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No mês passado, a padaria Vó Kota, que fica ao lado deste sacolão, foi invadida por um Fiat Uno, que quebrou as vidraças. Seu Laércio Santos, o dono, conta que os bandidos levaram um computador e o dinheiro do caixa, mas o prejuízo maior foi do vidro quebrado, em torno de R$ 2 mil. E esta não foi a primeira vez que o empresário é vítima da violência.
— Em seis anos eu fui assaltado aqui umas dez vezes. Minha mulher e meu filho já foram assaltados com arma apontada na cabeça. Eu não sei o que faria se acontecesse comigo — conta.
Polícia age “no escuro”
Seu Laércio, assim como muitas vítimas, não registram ocorrência na polícia, o que faz com que os dados contabilizados pelos setores da segurança pública não sejam fiéis à realidade. Por exemplo: nos últimos 30 dias foram sete ocorrências de roubo e seis de furto registradas, mas a própria polícia admite que este número pode ser maior. Conforme o major Paulo Sérgio Bona Portão, subcomandante do 7º Batalhão de Polícia Militar, a falta de informações cria a chamada “cifra negra”, que prejudica o trabalho dos agentes.
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— São informações sobre roubo e furto que a PM não contabiliza e por isso muitas vezes acaba trabalhando no escuro. A comunidade deve se organizar, reativar o Conselho de Segurança e procurar a Polícia Militar sempre — pede o major.
Base da PM no bairro está desativada
A base da PM, fechada no bairro em 2013, não será reaberta. Segundo Bona Portão, a reativação ou abertura de bases não é mais política da Secretaria de Segurança Pública, pois o agente que fica na base não pode sair para uma ocorrência e deixar o local desguarnecido.
Tráfico preocupa
Moradores ouvidos pelo jornal Hora contam ainda que existem dois pontos de tráfico de drogas no Bela Vista.
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— Por mais que façamos campana nesses locais, são adolescentes que ficam na linha de frente. E tanto eles como os maiores não ficam presos, então fica a sensação de enxugar gelo — reclama o major.
Nesta quarta-feira, houve uma ação de ronda no bairro com 10 agentes e cinco viaturas. Foram abordadas 23 pessoas e 12 veículos, mas não houve prisões nem apreensões de drogas.