Não temos como escapar desse novo mundo no qual estamos entrando. A afirmação é do vice-presidente de tecnologia da Totvs, Weber Canova, que participou do Universo Totvs, o principal evento da companhia, realizado nesta semana em São Paulo.

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Canova observou que as soluções que surgem a cada dia estão mudando o comportamento de pessoas e organizações, e a sociedade terá que aprender a lidar com tudo isso.

O executivo cita o exemplo do Google Glass, um dispositivo parecido com um par de óculos que, por meio da tecnologia de realidade aumentada, oferece uma série de serviços, como fotografar e disponibilizar a imagem em seguida na internet.

Nos Estados Unidos, muitos correram para comprar o dispositivo, enquanto outros reclamam que se sentem invadidos, já que pode-se registrar qualquer coisa com muito mais discrição.

Canova destaca, também, o movimento de manada, no qual pessoas e grupos começam a agir todos da mesma forma, sem uma direção planejada. Na internet, a situação pode sair do controle com muita velocidade. Por isso, empresas no Brasil e no exterior utilizam tecnologias para monitorar o humor dos usuários das redes sociais e agir para neutralizar a situação antes que ela comece a causar estragos.

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Países desenvolvidos estão muito à frente no uso de novas tecnologias, mas a velocidade das mudanças e o valor cada vez mais acessível dos dispositivos móveis promovem um outro fenômeno, diz o executivo. Populações de países do terceiro mundo estão pulando a era do PC e entrando direto na era do celular.

Enxurrada de dados

A sociedade atual também convive com a geração de dados superior à capacidade de acompanhá-la. Segundo Canova, a forma de processar esses dados já utiliza várias tecnologias em conjunto, e a tendência é de lidar com as informações de forma condensada, em uma experiência fácil e fluida.

– Há uma forte demanda por simplificação – afirma o vice-presidente de tecnologia da Totvs, reconhecendo que isto é mais fácil de concretizar na vida pessoal do que nas empresas, onde normas e leis específicas podem dificultar o processo.

Inovar hoje também é muito diferente do que em décadas atrás, quando o empreendedor precisava do apoio de um investidor para comprar os equipamentos e tirar o projeto do papel. Atualmente, Canova diz que uma grande ideia e pouco investimento são suficientes para iniciar uma startup.

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E o fluxo de inovação que isto proporciona tem um peso importante. A aquisição de startups é uma das molas propulsoras do crescimento de grandes empresas de tecnologia.

Investimento de R$ 830 milhões em pesquisa e desenvolvimento

A Totvs investiu R$ 830 milhões em pesquisa e desenvolvimento nos últimos cinco anos para redirecionar seus produtos e atender à tendência de comportamento no mundo profissional. Segundo estudos da companhia, as principais características já presentes no mercado de trabalho são a necessidade de colaborar, influenciar, expressar-se e de ser único.

A empresa conduziu seu portfólio nessa direção e aposta alto em soluções em nuvem. A empresa prefere não arriscar quanto este tipo de solução pode ocupar no faturamento nos próximos anos, mas sabe que este é um caminho sem volta.

– Para nos tornarmos essenciais, precisamos, prioritariamente, oferecer soluções e serviços baseados em conexão, mobilidade, liberdade de expressão, simplicidade e liberdade de escolha – destaca o presidente da companhia, Laércio Cosentino.

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Para conduzir seu processo de inovação, a empresa investiu em startups, como na norte-americana GoodData, e abriu um laboratório de pesquisa no Vale do Silício (EUA). Segundo Cosentino, ele funciona como um braço de inovação da Totvs, pois é lá que nascem as tecnologias disruptivas em sua área.

Outro movimento feito pela empresa foi mudar a forma de captação de ideias no Brasil. Inicialmente, a Totvs tinha um portal para recebimento de ideias vindas de funcionários e parceiros e depois fazia o filtro. Mas a empresa percebeu que muitas contribuições eram descoladas do core business e era desgastante e demorado realizar o filtro de propostas.

– Descobrimos que os funcionários que observavam o cliente mais de perto faziam as coisas mais legais – afirma o vice-presidente de tecnologia Weber Canova.

Atualmente, a empresa utiliza o conceito design thinking para pensar de forma criativa. Por meio de pesquisa de campo, protótipos e testes, as equipes levam para dentro da empresa o olhar do usuário.

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Processo de criação da Totvs envolve reuniões em pé e recursos visuais

Comunicação colaborativa na empresa

O comportamento dos usuários de sistemas nas empresas está mudando. De acordo com o vice-presidente de relacionamento e atendimento da Totvs, Rodrigo Caserta, os novos profissionais querem ter uma experiência diferente, mais simples, com interface mais intuitiva. Eles também estão muito interessados em colaborar.

Na área de compras, por exemplo, o profissional quer interagir por meio de soluções mais colaborativas, em um contexto de rede social, tendo fornecedores e clientes dentro do mesmo contexto, explica Caserta.

Mas os softwares de gestão atuais não estão aderentes às necessidades do usuário. Segundo o executivo, durante muito tempo as inovações iam da empresa para as pessoas, e hoje há uma inversão. A experiência de uso na vida pessoal está sendo levada para as empresas, e um desses movimentos é transformar a intranet em rede social corporativa.

Caserta alerta, porém, que se a empresa não definir um propósito para a rede e levar seus processos para dentro dela, a ferramenta vai cair em desuso e passará a ter uma nova utilidade, que pode ser a de combinar o churrasco do setor. Outro erro comum, observa, é continuar a enviar as informações por e-mail.

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– Algumas coisas, a empresa tem que abandonar, pois a comunicação agora é de mão dupla – afirma.

A Totvs, por exemplo, aboliu a intranet, e a rede social corporativa comporta várias comunidades. Nela, são discutidos todos os temas e não há censura, uma decisão ousada que exigiu maturidade da empresa para poder interagir sobre temas sensíveis, diz Caserta.

Outro aspecto importante, segundo ele, é ter uma metodologia para conseguir a adesão e engajamento de profissionais que podem colocar resistência à mudança, além de criar um senso de propriedade, não relegando a rede a um projeto da área de TI.

Em sua experiência de consultoria, a Totvs observa que os profissionais mais resistentes costumam ser pessoas com conhecimento técnico sólido e que têm a sua forma de trabalhar desenvolvida por anos.

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– O modelo novo gera insegurança. Quando alguém domina muito um tema, nem sempre entende que deve compartilhar, pois acredita que isto pode torná-lo menos importante aos olhos da empresa. No entanto, o conhecimento é da empresa – afirma.

– Todo dia interajo com cliente, e se um cliente decidiu comprar de um concorrente, é valiosa a informação do porquê de eu ter perdido. Mas não são todos os vendedores que querem compartilhar, pois podem se sentir inseguros de compartilhar casos de insucesso. Já outro, que vende muito bem, tem um grande ativo, e também pode colocar resistência ao compartilhamento – constata.

O setor da educação tem avançado bastante nessa área, explica Caserta. A busca é contínua por mais inovação, já que seus clientes são os jovens. Segmentos mais tradicionais, como o da manufatura, ainda não caminham com a mesma velocidade na adoção das tecnologias de colaboração e mobilidade, constata o executivo.

*A repórter viajou a convite da empresa.

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