Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção de Blumenau (Sinduscon), Renato Rossmark Schramm, a segurança do trabalhador é a principal preocupação do setor. O problema, segundo ele, é o aumento de investidores sem responsabilidade que entram no negócio sem conhecer a legislação.

Continua depois da publicidade

– Estamos lidando com vidas. É essencial que a gente discuta ações de segurança e melhorias no setor. Uma das prioridades do Sinduscon é qualificar os operários. Há sete anos oferecemos cursos de atualização e capacitação para colaboradores de empresas associadas – reforça Schramm.

Veja também:

::: Trabalhadores arriscam a vida ao não usar equipamentos de segurança em Blumenau

O técnico em segurança André Ricardo de Mello considera o excesso de autoconfiança o principal agravante. Ele já trabalhou no setor e diz ter aprendido a lição depois de se machucar durante o trabalho.

Continua depois da publicidade

– Durante fiscalizações em obras notamos que o almoxarifado está cheio de equipamentos de segurança, mas mesmo assim os funcionários se arriscam. Esquecem que uma fatalidade pode ocorrer a qualquer momento.

A obrigatoriedade dos equipamentos em obra é recente. A legislação é do final dos anos 1970 e vem sendo aprimorada desde então. Se as exigências hoje já existissem na época em que Paulo Teodoro da Silva trabalhava na construção, seu futuro teria sido diferente. Há 45 anos não eram fornecidas luvas nem capacetes, tampouco cintos.

Ele trabalhava na recuperação de um túnel da estrada férrea que passava por Correia Pinto, no Planalto Serrano catarinense. Tanto o material necessário à obra quanto os trabalhadores eram transportados em plataformas puxadas pelo trem. Uma manobra abrupta derrubou os operários, que não usavam nenhum equipamento de proteção. Silva caiu e ficou debaixo dos colegas. Apesar da dor nas costas, ainda tentou trabalhar. No fim daquela manhã foi para o hospital e desde então nunca mais se moveu sem ajuda da cadeira de rodas. Silva fraturou as vértebras.

– Se tivesse alguma segurança no trabalho, acho que a minha vida teria sido diferente. Se não tivesse acontecido o acidente no trem, talvez tivesse acontecido na obra. O risco era muito grande e a gente não tinha nenhuma proteção – lembra Silva, hoje com 72 anos.

Continua depois da publicidade