O novo sistema automatizado de controle dos semáforos de Florianópolis não deve resolver os recorrentes problemas de trânsito na cidade. Com previsão de cobrir apenas 20% dos equipamentos instalados no município – todos localizados na parte insular da cidade -, o sistema não terá no-breaks. Os equipamentos, se instalados, permitiriam que as sinaleiras funcionassem mesmo no caso de falta de energia elétrica. Hoje são comuns os episódios em que o trânsito da cidade para quando, por qualquer motivo, falta luz.
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A nova central custou R$ 1,8 milhão aos cofres públicos e será fornecida pela empresa paulista Brascontrol, que tem órgãos como o DNIT, a Polícia Rodoviária Federal e pelo menos seis estados brasileiros como clientes. O contrato foi assinado nesta quarta-feira (6) pela prefeitura.
A partir de agora, a vencedora da licitação tem 60 dias para entregar e instalar os equipamentos. São câmeras de videomonitoramento, um controlador semafórico e uma central de operações que, por meio de um algoritmo, vai adequar em tempo real os tempos de abertura e fechamento das sinaleiras de cerca de 30 cruzamentos da Ilha – a cidade tem mais de 160 sinaleiras, mas o restante receberá as melhorias no futuro, em uma data ainda não definida pela Prefeitura.
O diretor comercial da empresa fornecedora, Fábio Garcia Nobre, diz que a tecnologia foi desenvolvida com o apoio de alunos e professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e é uma das mais modernas do mundo. Segundo ele, os computadores conseguem receber as imagens das ruas em tempo real e controlar as luzes das sinaleiras por fibra óptica ou sinal de celular, determinando os tempos de permanência do verde e do vermelho conforme a demanda da via.
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— Essa avaliação é totalmente automática e em tempo real, não será preciso que um operador humano faça o trabalho. A contagem de tráfego e ocupação da via é feita pelo próprio equipamento.
Depois de completamente instalado, o que deve acontecer na segunda quinzena de janeiro de 2018, será possível configurar a central para enviar notificações das condições de trânsito via internet, por meio das redes sociais da prefeitura.
Apesar de oferecer uma solução mais moderna para a gestão do trânsito em Florianópolis, o sistema vai continuar dependendo do fornecimento ininterrupto de energia elétrica para ser eficiente. Isso porque o contrato do município com a empresa não prevê a instalação de no-breaks, que garantem o funcionamento mesmo no caso de apagão. “Nós acreditamos que as falhas por falta de luz não são um problema aqui na cidade”, diz o diretor comercial da empresa paulista.
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Prefeito Gean Loureiro defende contratação
Florianópolis já teve uma central de monitoramento do trânsito lançada na gestão anterior. Na época, a promessa era de que o sistema ofereceria diversas possibilidades para controlar o movimento dos carros e ônibus no espaço urbano a partir de uma sala operada por agentes da Guarda Municipal.
Depois de alguns meses, falta de sincronização e falhas constantes expuseram a fragilidade da solução, que tinha sido vendida à Capital numa versão inferior àquela divulgada no lançamento – uma espécie de “demonstração” que só traria os benefícios apresentados se o Executivo municipal fizesse um contrato mais caro.
— O que tínhamos antes era pré-histórico em relação ao que apresentamos agora. Não haverá restrições, o sistema contratado é uma solução completa que vai, inclusive, permitir a coleta de dados para a elaboração de projetos de mobilidade em Florianópolis — defende o prefeito Gean Loureiro
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A empresa contratada contou com o auxílio de alunos e professores da área de engenharia e mobilidade urbana da UFSC. Um dos líderes da equipe, professor Werner Krauss Júnior, é especialista no assunto e diz que assim que o sistema entrar em funcionamento, as mudanças serão identificadas imediatamente.
— Um exemplo é a Avenida Beira-Mar, cujos semáforos estão sincronizados no sentido UFSC. Com a central, poderemos ter o encadeamento dos sinais luminosos para quem vem das praias para o Centro e alterar isso a qualquer momento, conforme a demanda.
Até o fechamento desta reportagem, a prefeitura de Florianópolis não informou quais são os 30 cruzamentos que receberão o novo recurso.
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