A permanência na Série A do Campeonato Brasileiro vai permitir à Chapecoense investir na reestruturação do clube fora de campo. O presidente reeleito Sandro Pallaoro, que está no comando do clube desde 2011, revela em entrevista ao Diário Catarinense os planos para o biênio 2015/2016.

Continua depois da publicidade

Entre as medidas estão uma nova sede administrativa, loja e museu do clube, investimento no centro de treinamento, compra de nova academia e plano para chegar a 10 mil sócios. A meta é preparar o clube para ser uma das cinco forças do Sul do país em 10 anos.

::: Vinícius Eutrópio tenta o bicampeonato no Estadual com a Chape

::: Chapecoense define relacionados para estreia no Catarinense

Continua depois da publicidade

Pallaoro recebeu o DC na sua empresa, uma distribuidora de frutas que comanda com o apoio da mulher, Vanusa, e da filha Dahyane. Revelou que um dos motivos para dedicar-se ao clube é o sonho do filho, Matheus, de ser jogador profissional.

O presidente da Chapecoense também foi atleta. Jogou na base do Inter de Pato Branco (depois só Pato Branco), sua terra natal. Depois foi para o futsal, onde conquistou o título de Campeão Paranaense pelo Grêmio Industrial Patobranquense, clube em que Alexandre Pato também jogou na base.

Em 1994, decidiu mudar-se para Chapecó, sendo sócio da distribuidora de frutas e verduras Cantu. Em 2009 montou a própria empresa, que atualmente tem 28 funcionários.

Continua depois da publicidade

Pallaoro conta que colabora com o clube desde 1995, mas foi a partir de 2009 que ingressou na diretoria, como vice de Futebol. Conquistou o acesso para a Série C e, no ano seguinte, viu o time ser rebaixado dentro de campo. Por pressão, acabou saindo da diretoria e voltando seis meses depois pelas mãos do empresário Izair Gambatto, com quem teve uma divergência de opinião em 2011.

Comandou o clube na conquista do Catarinense daquele ano. No ano seguinte, a Chapecoense obteve o acesso para a Série B e, em 2013, o acesso para a Série A. Antes da entrevista, Pallaoro disse que a atual diretoria merecia um reconhecimento maior, pelo que vem fazendo pelo clube.

– Tinha que fazer uma estátua para essa diretoria – afirmou.

::: Veja a página do DC Esportes no Facebook

::: Confira oregulamento do Campeonato Catarinense 2015

Pallaoro citou o ex-presidente do Avaí, João Nilson Zunino, com um dos responsáveis pelo crescimento do futebol catarinense.

Continua depois da publicidade

– Ele aproximou os clubes fora de campo – disse.

Confira a seguir a entrevista completa:

DC – Como você concilia a presidência do clube com a administração da empresa?

Pallaoro – Atrapalha um pouco. Mas o futebol é um negócio que gosto e tenho apoio da família. Minha esposa, a Duda (Vanusa) cuida da parte financeira. Minha filha, Dhayane, gerencia a parte logística. E a vida não é só a parte financeira. Tem que ajudar em alguma coisa.

DC- O que te motiva ser presidente do clube?

Pallaoro – Primeiro, que eu gosto. Segundo, que o meu menino, o Matheus, quer ser jogador de futebol e assim eu estou no meio futebolístico. Ele tem 15 anos e foi vice-campeão catarinense sub-15. Tem que ver se engrena. Também acho que todo mundo tem que colaborar em algo. E o cargo te dá uma visibilidade, a representação perante outros clubes, federações, CBF. Daqui a pouco pode surgir algo como executivo de futebol. Quem sabe?

DC – Cidades do mesmo porte próximas daqui, como Passo Fundo, não conseguem nem se manter na Série A do Gauchão. Como você avalia isso?

Continua depois da publicidade

Pallaoro – Tem clubes tradicionais como Fortaleza, Ceará, Santa Cruz, que levam 40 mil pessoas nos seus jogos; e a dupla Ca-Ju, de Caxias do Sul-RS, que não conseguem ficar na Série A. O Juventude teve o problema que se vinculou a um patrocinador e, quando ele saiu, acabou caindo. A Chapecoense não tem ninguém com interesses pessoais. É um clube da cidade, da região e todo mundo ajuda. O clube teve o apoio das esferas municipal, estadual e federal. É o único representante de uma região pólo. E virou o segundo time de torcedores do Corinthians, Inter e Grêmio do Sudoeste do Paraná e do Norte do Rio Grande do Sul, que tem a oportunidade de ver seus times em Chapecó. Eles torcem para seus times, mas também para a Chapecoense.

DC – Como está essa relação da Chapecoense com os torcedores da dupla Gre-Nal, que tem grande influência na região?

Pallaoro – É uma região de descendentes de gaúchos e lembro que em 2009 metade do estádio tinha a camisa do Inter e metade do Grêmio. Aí fizemos uma campanha para que os torcedores não fossem com outras camisas de clube que não fosse da Chapecoense. Nada contra a dupla Gre-Nal, mas queríamos criar uma identidade do clube. Queríamos focar nas crianças. Hoje os torcedores de cinco a 25 anos têm a Chapecoense como o primeiro clube. Quem tem mais de 40 anos torce para a dupla Gre-Nal e também pela Chapecoense. E quem mora aqui torceu pela Chapecoense mesmo contra seu time de infância pois sabia que era mais importante uma vitória para a Chapecoense. Por isso foi importante a permanência na Série A, para consolidar o clube.

Continua depois da publicidade

DC – Antigamente a torcida por outros clubes também era maior porque o clube jogava o Catarinense e fechava no segundo semestre, não é?

Pallaoro – O grande salto da Chapecoense foi em 2009. Quando entrei na diretoria tínhamos em mente que o clube precisava de calendário o ano inteiro. Naquele ano conquistamos o acesso da Série D para a C, o que garantiu calendário para os anos seguintes. Naquele ano tivemos um orçamento de R$ 3 milhões para o ano.

::: Leia mais sobre o Campeonato Catarinense 2015

::: Confira a tabela do Estadual

DC – Agora esse é o orçamento de um mês.

Pallaoro – Neste ano tivemos um orçamento de R$ 34 milhões e, em 2014, deve ser de R$ 40 milhões. Mas nada vem por acaso. Teve um planejamento e um trabalho sério. Fomos até mais rápido do que pensávamos da Série B para a Série A e não conseguimos acompanhar fora de campo.

Continua depois da publicidade

DC – Considera que a Chapecoense deu exemplo para o Brasil de fazer futebol sem ultrapassar a receita?

Pallaoro – Penso que sim. Não dá para pagar salários de R$ 300 mil a R$ 400 mil. Tem que garimpar. Tem jogador bom no mercado por muito menos. Além disso, temos um departamento de futebol com experiência. O Cadu e o Maringá foram jogadores. O Maurinho foi atleta do futsal. Na direção também temos pequeno, médio e grande empresário. Cada um contribui com sua experiência.

DC – Essa inflação de salário é culpa dos clubes, não?

Pallaoro – Falta responsabilidade. Contratam e deixam dívidas para os anos seguinte. Nós deixamos R$ 1 milhão de patrocínio da Caixa para janeiro de 2015 para montar o time.

Continua depois da publicidade

DC – Vocês falam que a Chapecoense é um clube sem dívidas. Como está a situação?

Pallaoro – Não temos nada vencido. Zeramos as ações trabalhistas. O que temos apenas é uma renegociação de FGTS.

DC – Quais são os planos para o novo biênio?

Pallaoro – O primeiro será a sede nova. Alugamos um espaço com 700 metros quadrados, na esquina das ruas Clevelândia com a Índio Condá. Lá teremos uma sala para troféus, uma loja do clube, atendimento ao sócio, sala de reuniões e sala da presidência. Nossa intenção é também montar um museu com a coleção de camisas que adquirimos de um torcedor, além de painéis com fotos e a história do clube. Tenho a faixa do título de 1996 que recebi de um torcedor. Os torcedores também poderão doar objetos históricos para a criação do museu.

DC – E o centro de treinamento, vocês vão comprar a área que está em comodato por 20 anos?

Pallaoro – O objetivo é comprar o imóvel por valor de mercado. Mas isso ainda tem que passar pelo Conselho. Se conseguirmos isso vamos investir em alojamentos, talvez colocar arquibancadas no campo anexo. Se não conseguirmos comprar vamos manter os campos e buscar uma nova área.

Continua depois da publicidade

DC – E a academia?

Pallaoro – Vamos adquirir equipamentos no valor de R$ 500 mil que devem ser instalados na Ala Leste da Arena Condá. Tem que estar pronta para o Brasileirão. Vamos contratar também mais um médico para ficar no clube e uma psicóloga e uma assistente social para atuar na base. Vamos buscar um Certificado de Clube Formador junto à CBF, que nos garantiria 5% na negociação futuras de jogadores formados na base.

DC – Será feito algum investimento no estádio, há necessidade de ampliação?

Pallaoro – A capacidade do estádio atende a demanda, mas serão necessárias algumas melhorias, como iluminação e banheiros. Vamos unir esforços com o poder público para cobrir a Ala Leste, construindo camarotes e cabines de imprensa. Depois disso poderíamos refazer a Ala Oeste. Há também um projeto da Prefeitura no Ministério dos Esportes para a colocação de cadeiras no estádio.

DC – Qual a ação para os sócios?

Pallaoro – Lançaremos planos para novos sócios. Queremos chegar a 12 mil com direito a entrada.

Continua depois da publicidade

DC – Quais são as metas dentro de campo?

Pallaoro – Primeiro é chegar no hexagonal final do Catarinense, para depois tentar chegar na final e brigar pelo título. Esse campeonato promete ser muito equilibrado. Na Copa do Brasil queremos ir mais longe, pois sempre caímos na segunda fase. Existe a possibilidade também de disputar a Copa Sul-Americana, que daria uma visibilidade internacional. Mas o primeiro objetivo é permanecer na Série A em 2015. Mas sempre mantendo os pés no chão.

DC – A Chapecoense tem fôlego para ir até onde?

Pallaoro – Não vou dar prazo, mas eu quero ver ainda a Chapecoense entre os principais clubes do país, quem sabe disputando uma Libertadores ou um título brasileiro. E o objetivo é que nos próximos 10 anos a Chapecoense seja a quinta força no Sul do Brasil.?