Nas primeiras horas depois de ser anunciado o novo arcebispo de Porto Alegre, dom Jaime Spengler mostrou afinidade com o discurso do papa Francisco. Antes da apresentação oficial, marcada para a manhã desta quarta-feira na Capital, o religioso mostrou fé com o potencial da juventude, mas preocupação com eventuais excessos. Com 53 anos, o religioso, que tomará posse em 15 de novembro, será o mais jovem arcebispo do Brasil, conforme a assessoria de imprensa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
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– Nossa gurizada poderia chacoalhar o mundo e a Igreja. O Papa está certo, o jovem tem de bagunçar um pouco as coisas, mas sempre evitando radicalismos. É preciso evitar os grupos minoritários fundamentalistas – afirmou dom Jaime em entrevista a Zero Hora.
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O novo arcebispo faz uma aposta nos jovens porque vê uma transformação no mundo atual, que levam a questionamentos sobre as atuais referências da humanidade. Essa ebulição, na opinião dele, pode levar a uma nova compreensão de mundo.
-Para que isso chegue a um bom termo, algo precisa ser construído junto: o discernimento. Três pontos são fundamentais: estudo, oração e disposição ao diálogo – destacou.
Em outro momento, dom Jaime intensificou o coro do papa Francisco. Ele também fez a defesa de uma instituição mais humilde:
– A Igreja precisa ser mais simples e ir ao encontro das periferias e dos pobres. É o que prega o evangelho.
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Dom Jaime tomou cuidado extra com as palavras ao falar em temas delicados para a Igreja católica. Para temas como o uso de camisinha, sexo antes do casamento e divórcio, ele reforçou a defesa dos preceitos católicos atuais.
– A Igreja tem seus entendimentos. São questões indiscutíveis – respondeu.
Ele ainda falou sobre o celibato.
– O padre casado é uma simplificação da forma de resolver a crise no clero –
A escassez de padres é, na opinião do antecessor Dom Dadeus Grings, o principal desafio de dom Jaime. Dom Dadeus renunciou quando completou 75 anos, como manda o Código de Direito Canônico, em 2011. O processo de sucessão, conforme Dom Dadeus, demorou dois anos pela relevância da arquidiocese, a quinta maior do Brasil.