A Noite de Gala deste ano tem no programa um grande espetáculo formado por apresentações de diferentes gêneros, com bailarinos e grupos que tiveram suas histórias entrelaçadas aos 35 anos do Festival de Joinville. É o que Ely Diniz chama de ciclo do Festival: pessoas que vieram durante a infância e a adolescência para a Mostra Competitiva, foram premiados, tornaram-se profissionais e agora retornam como convidados especiais.
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Por isso, é simbólico que o coreógrafo que idealizou e dirigirá a Noite de Gala seja Marcelo Misailidis. Ele tinha 17 anos quando veio a Joinville pela primeira vez, em 1986, dançou um solo de O Corsário e recebeu o prêmio de terceiro lugar em balé clássico de repertório. Em 1988, dançou um pas de deux com Pollyana Ribeiro, e o casal foi premiado com o primeiro lugar.
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Apenas três anos depois, um episódio inusitado faria toda a diferença no início da carreira profissional de Marcelo: ele fazia parte da Associação de Ballet do Rio e foi convidado para dançar com Ana Botafogo no Festival de Joinville, em uma edição que inovou ao ter convidados especiais se apresentando todas as noites, antes da Mostra Competitiva.
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Nos dias seguintes, Cecília Kerche e Nora Esteves, que, assim como Ana, eram bailarinas principais do Balé do Theatro Municipal do Rio, ficaram sem partners, e Marcelo assumiu a responsabilidade todas as noites. Pouco tempo depois de retornar para casa, recebeu o convite para virar primeiro-bailarino do Theatro do Rio, uma ascensão meteórica rara de acontecer.
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— Voltei várias vezes depois para noites especiais. Em Joinville, dancei com as maiores bailarinas do Brasil. Depois, voltei como diretor artístico do Balé do Theatro Municipal em 2008 com O Lago dos Cisnes; em 2012, como jurado; e, depois, como curador. Mas sou apenas mais uma formiga em meio a muitas histórias semelhantes produzidas pelo Festival de Joinville — avalia.
Entre as ¿formigas¿ da nova geração está Paula Alves, 21 anos. A paulista, bailarina da São Paulo Companhia de Dança, mantida pelo Estado de São Paulo, está entre os jovens sucessos da Noite de Gala. Paula é, talvez, o melhor exemplo de todas as possibilidades deste ciclo do Festival de Joinville. Ela tinha nove anos quando participou pela primeira vez do Festival Meia Ponta, a Mostra Competitiva dos alunos mais novos, que, na época, ainda não apontava vencedores.
— Minha irmã mais velha também dançava, então eu já vinha a Joinville antes, para acompanhá-la. Para mim, Joinville era o mundo mágico do balé. Quando comecei a vir como participante, eu sentia que estava virando ¿gente grande¿ — recorda Paula.
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Talento precoce, ela surpreendeu até os professores da Especial Academia de Ballet, escola tradicional que já recebeu e viu muitos de seus alunos serem premiados. Paula tinha apenas 13 anos quando dançou na Mostra Competitiva pela primeira vez e levou dois prêmios de primeiro lugar na categoria júnior de balé clássico de repertório.
No ano seguinte, o primeiro lugar foi dividido com um anúncio ainda melhor na Noite dos Campeões: ela havia sido escolhida como bailarina-revelação, premiação que garantia vaga na seletiva do Youth America Grand Prix, em Nova York – onde ela foi premiada com o segundo lugar. Em 2011, Paula voltava para ganhar mais um troféu de primeiro lugar e para ser celebrada como melhor bailarina da 29ª edição.
— Passei a madrugada inteira chorando. Não acreditava que tinha recebido o prêmio máximo dado a um bailarino em Joinville — conta.
Mais do que ter o nome marcado na história do Festival de Dança de Joinville, receber o prêmio de melhor bailarina dava direito a uma vaga no Grand Prix de Lausanne, na Suíça, que é referência em concursos de dança clássica no mundo. Paula viveu a experiência com apenas 15 anos. Ela voltaria ainda ao Festival outras duas vezes: dançou em meio a outras estudantes em grand pas de deux na Mostra Competitiva e na Mostra Estímulo em 2014, completando todas as opções do ciclo do Festival até chegar ao posto de convidada.
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— Agora, a responsabilidade é diferente, porque vou como profissional, representando uma companhia e posso mostrar que é possível ser bem-sucedida no meu País — afirma.