As fotos que ilustram o blog do livreiro de Curitiba chamaram a atenção de Alexandre Hagemann, que mora em Joinville. Ele é neto de Gustavo Trinks, um empresário que viveu até o fim da década de 1970 e era conhecido em todo o comércio da cidade.

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Gustavo Trinks fazia molhos que eram oferecidos nos restaurantes de quase toda a cidade. Hagemann reconheceu o avô em uma das fotos. O cabelo penteado para o lado e as formas do rosto são idênticas e podem ser comparadas com outras fotos antigas.

Mas o que dá mais força para a possibilidade de ser o avô de Hagemann são os relatos da própria família.

– Minha vó contava que ia levar comida pra ele. Pelo que ela dizia, ele foi preso várias vezes porque insistia em falar alemão nos bares e estabelecimentos da cidade – diz o neto, mostrando uma das fotos em que Trinks aparece ao lado de outro familiar, carregando uma enorme tartaruga.

– Tenho quase certeza que encontrei meu avô na terceira foto. O nome não aparece na listagem mas sei que foi preso, mais de uma vez, por falar alemão em público – diz.

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A família Trinks é muito tradicional e tem papel importante na vida econômica, política e cultural de Joinville. Os primeiros Trinks que chegaram em Joinville vieram de Waldenburg, na Saxônia. O casal Eduard Gustav Friedrich Trinks e sua esposa Pauline Antonie Brohm Trinks trouxeram sete filhos à Colônia Dona Francisca em 1854. Hoje é incontável o número de descendentes espalhados pelo Brasil.

As fotos que registram o dia a dia em um campo de concentração de Joinville durante a Segunda Guerra foram encontradas por acaso pelo dono de um sebo de Curitiba, Paulo José da Costa. As caixas que continham as fotos e documentos foram compradas de uma família que morou em Joinville na época e, depois, se transferiu para Curitiba. Quando o patriarca morreu, há alguns anos, o dono do sebo foi procurado por familiares e adquiriu o material fechado. O tesouro só foi descoberto mais tarde, quando começou a avaliar os volumes.