O comandante da Polícia Militar na região Norte do Estado, coronel Benevenuto Chaves Neto, revelou nesta sexta-feira ao “AN” a decisão em trocar de comando no 8º Batalhão da PM na cidade (regiões centrais e Norte).

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À reportagem, o coronel Chaves reforçou que a escolha é “puramente administrativa”. Segundo ele, o 8º Batalhão da PM conta com mais efetivo e estrutura do que o 17º BPM (zona Sul de Joinville), mas não tem apresentado resultados à altura.

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Confira a entrevista:

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A Notícia – O que levou o senhor a decidir pela troca de comando?

Coronel Benevenuto Chaves Neto – Já fiz o pedido ao comando-geral para que seja feita a substituição em função dos resultados que o 8º Batalhão vem apresentando. São números exorbitantes, números anormais, principalmente em homicídios. Vamos procurar melhorar a gestão substituindo o comandante, mas não está definido ainda.

AN – Houve uma conversa com o tenente-coronel Nelson Coelho? O entendimento foi conjunto?

Chaves – É uma decisão minha, de comando regional. Ontem (quinta-feira) convoquei ele para uma reunião. Ele não pôde vir, mas conversamos por telefone. Ele está ciente que não existe questões pessoais, porque o Coelho é uma excelente pessoa, só que é uma questão de gestão.

Sob a minha ótica, no 17º Batalhão (zona Sul) não acontecem esses fatos e no 8ºBPM acontecem. Então, é questão de gestão. A gestão dos recursos, que são mínimos, tem de ser maximizada. Infelizmente, o Coelho não tem atendido às expectativas do comando regional. Semana que vem, o comando-geral vai se manifestar sobre isso.

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AN – O que preocupa o comando são os homicídios?

Chaves – É com relação a homicídios. Com relação a tiro perdido matar criança, ferir criança. Isso não é aceitável. Não podemos, de forma alguma, como cidadãos e policiais militares, aceitar que uma situação dessa transcorra. Se o 17ºBPM consegue fazer , na mesma cidade, como é que o 8ºBPM não consegue? É uma questão de gestão.

Há mais recursos no 8ºBPM do que no 17ºBPM. Não dá para dizer que as áreas são diferentes. Lá, o comando está aplicando as orientações que o comando regional está fazendo. Infelizmente, o Coelho está resistente a algumas situações.

AN – Houve determinações não cumpridas?

Chaves – Não é que houve determinações. Eu, como comando regional, tenho a autoridade para determinar situações, mas jamais vou fazer isso porque tem um comandante e respeito esse comandante. Então, passo opiniões, orientações. O Jardim Paraíso, por exemplo, está claro que é o bairro que mais preocupa. Então, até o soldado da ponta sabe que tem de concentrar policiamento ali. Isto eu venho falando desde o início. E não foi feito isso. Não está sendo feito isso.

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AN – O senhor já tem o nome para um novo comandante?

Chaves – Já indiquei o nome de um novo comandante. Tenente-coronel Giovani Fachini, excelente profissional, de alta gestão. Ele, hoje, é o chefe da Central Regional de Emergência (CRE). Se você ligar para o 190, no primeiro toque você é atendido. Isto é gestão. Anteriormente, caía a ligação e você não conseguia ser atendido. Com os mesmos recursos ele, de forma geniosa, conseguiu inovar. É o que precisamos, reinventar, ele conseguiu isto.

E essa experiência dele, principalmente o relacionamento que tem com o Poder Judiciário em Joinville, o Ministério Público, o relacionamento com a tropa, a liderança, é um fator que eu preciso experimentar. Tenho que mudar esse cenário. Se o time está indo para a 3ª divisão, que é o que está acontecendo com o 8ºBPM, eu tenho que mudar o técnico. Se nós cruzarmos os braços e esperarmos só pelo efetivo… O efetivo do 8ºBPM não é menor do que o do 17ºBPM.

AN – Essa mudança não faz recair sobre o tenente-coronel Coelho uma responsabilidade que não seria só dele?

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Chaves – A responsabilidade não é só do Coelho, é minha também. Por isto estou tentando mudar a forma de gestão do batalhão. E para mudar a forma de gestão do batalhão, dos recursos, sejam eles materiais e principalmente recursos humanos, eu tenho que mudar a pessoa que vai trabalhar com isso.

O Coelho teve um ano para fazer isto, mas não está conseguindo fazer. Ele credita isto à falta de recursos. Mas os recursos nós não vamos ter tão cedo. Recursos humanos só vamos ter no ano que vem. Até lá, não podemos ver crianças falecerem, serem vítimas de tiro perdido nas ruas.

AN – Há outras mudanças de gestão em vista?

Chaves – O novo comandante vai ter carta branca. Se precisar de reforços, assim como fiz com o Coelho, vamos buscar, vamos colocar à disposição. Colocamos à disposição do Coelho o Bope, a estrutura dos dois batalhões nas operações passadas. Surtiu efeito, foram bons resultados, excelentes. Mas não basta só isto. Vamos ter que modificar a forma de ver as coisas. Onde estão acontecendo os fatos, de que forma eles acontecem, quais os modus operandis dos marginais.

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Sempre são marginais, em dois, numa moto. Tenho cansado de falar que tem de ser feitas ações em cima de motoqueiros, isto não está acontecendo. Infelizmente, não houve retorno. É um profissional esforçado, talvez tenha encontrado alguma dificuldade porque a vida toda dele foi na aviação, mas não posso ficar esperando. A PM, o cidadão não quer ficar esperando que venham mais policiais militares. Ele quer mais policiais, mas até que eles venham vai demorar mais um ano. Não podemos esperar mais um ano e meio de braços cruzados. Já ultrapassamos 60 mortes em Joinville.