Previsto para ser reaberto em setembro do ano passado, o Museu da Bicicleta (MuBi) de Joinville permanece fechado à visitação da comunidade. A pretensão da Prefeitura é abrir o espaço ainda no primeiro semestre deste ano após a conclusão da reforma do prédio.
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O fechamento foi anunciado em março de 2017, depois do município alegar ter recebido cobranças do Ministério Público sobre a manutenção de acervo particular em espaços públicos. O ex-coordenador do museu, Valter Bustos, mantinha mais de 200 itens pessoais para exposição no local.
Na época, Valter apontou a exibição do seu acervo como legal, consolidada por meio de contratos de comodato, e afirmou que não foi chamado para discutir a questão com a Secretaria de Cultura e Turismo.
Após a saída do coordenador, o museu passou por uma reformulação no modelo de gestão e ficou com apenas 35 bicicletas no acervo. Isso porque elas haviam sido doadas formalmente por Bustos ao município. Agora, a intenção da Prefeitura é aumentar o acervo.
O espaço que antigamente era usado como terminal de cargas da antiga estação ferroviária já recebeu reforma para voltar à abrir as portas ao público. Por se tratar de um patrimônio cultural, algumas estruturas passaram por restauração, como paredes e portas.
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A Prefeitura não quis divulgar mais informações de quais outras intervenções foram realizadas no prédio, mas afirmou que ainda faltam ajustes, como a finalização de detalhes decorativos. Segundo o município, quando houver uma data definida de reabertura, serão detalhadas novas informações.
Com a mudança no modelo de gestão, o museu deve reabrir com uma proposta mais educativa. Há um espaço com estofados e projetor de vídeos para receber estudantes na mesma sala onde há a exposição das bicicletas, por exemplo. Além disso, a sala de entrada da unidade receberá exposições temporárias.
Vizinhos avaliam reflexos do fechamento do museu na região
O Museu da Bicicleta recebia, em média, cerca de 1,5 mil pessoas por mês para visitação das instalações e do acervo. Com o fechamento da unidade, consequentemente caiu também o número de frequentadores do entorno, onde estão a Estação da Memória e uma praça pública, entre outros. Segundo relatos de moradores e comerciantes, os arredores do MuBi virou ponto para tráfico e consumo de drogas, além de servir de abrigo para moradores de rua.
A funcionária de um comércio diz que há pessoas com frequência usando drogas na região da praça em frente ao MuBi. Segundo Caroline Possa Maia, 22 anos, em alguns dias é preciso fechar a porta da loja por causa do cheiro forte e alguns clientes já deixaram de entrar no estabelecimento porque temiam pela segurança dos veículos estacionados na rua.
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— Eu acredito que se o museu estivesse aberto iria intimidar um pouco essas pessoas. Ali praticamente virou a área deles — opina.
A aposentada Juraci Bernardes, 78 anos, mora em um prédio em frente e também percebe a presença de usuários de drogas e moradores de rua nas redondezas. No entanto, ela não nota um aumento dessas pessoas desde o fechamento do museu. Inclusive, ela elogia o conserto das luminárias em frente a unidade porque isso teria reduzido o número de pessoas alojadas no local.
— Eles ficam na pracinha o dia inteiro, mas também não incomodam os moradores aqui. Eles até dormem e recebem comida ali, só que também não têm nenhum abrigo para ficar — conta.