Muitos municípios precisam usar a criatividade para conseguir atingir a meta de residências a visitar até dia 12 de fevereiro, já que dispõem de poucos profissionais para as vistorias. Em Maravilha, que atingiu 39% da meta até agora, na semana passada três apenados começaram a auxiliar na limpeza de terrenos baldios. O coordenador da sala de situação da cidade, Francys Balestreri, reforçou que a iniciativa – inédita no Estado e que deve ocorrer duas vezes por semana – foi uma das saídas para dar conta do recado. Em Guarujá do Sul, a solução foi pedir auxílio da própria comunidade na rádio local.
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— Anunciamos que iríamos fazer a capacitação para voluntários, mas ninguém apareceu — diz Tarciane Kuhn, coordenadora da sala de situação de Guarujá do Sul.
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Já Balneário Camboriú conta com a ajuda guardas municipais, pois a maior dificuldade apontada é o número elevado de imóveis fechados e pessoas que se recusam a receber as equipes.
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Em Princesa, como o município só tem um agente de combate a endemias, foi planejado um mutirão na sexta-feira com a meta de vistoriar todas as residências. As oito equipes, formadas por 40 pessoas, incluindo funcionários da prefeitura avaliaram 565 imóveis das 683 moradias a serem avaliadas em áreas de infestação mo mosquito.
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Três municípios já fecharam a meta com auxílio de agentes comunitários de saúde, bombeiros e funcionários das prefeituras, como Novo Horizonte, Cordilheira Alta e São Bernardino, que inclusive aproveitou para incluir mais um bairro não previsto no planejamento inicial.
Em Joinville, a ação foi praticamente concluída na última quarta-feira, restando cerca de 500 casas que estavam fechadas. Bombeiros e o drone da Polícia Militar Ambiental vão ajudar nas casas que estavam fechadas.
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A expectativa da Dive SC é que cada agente de saúde faça, em média, 30 vistorias por dia, sendo necessários 656 agentes em todo o Estado para cumprir a meta. Hoje, são 978 agentes de saúde e endemia nas ruas ajudando nas visitas. Até agora, nenhum município sinalizou a necessidade de apoio do Exército, que auxilia apenas em São Miguel do Oeste devido a um acordo anterior.
Especialistas defendem ampliar ações
A médica epidemiologista Eleonora D¿Orsi, professora do departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), questiona as ações desencadeadas no Estado e defende que o fundamental é investir na infraestrutura das cidades:
– Tem que investir em coleta de lixo, água encanada, tratamento de esgoto. Cada pessoa pode contribuir, mas a responsabilidade é do poder público. É uma questão coletiva, não individual.
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Para Eleonora, a vistoria das residências é um detalhe e que ¿não é isso que faz a diferença¿. Além disso, ela reforça a necessidade de novas medidas, já que o mosquito também evoluiu e não está apenas só em água limpa e parada.
Uma solução promissora, segundo a médica epidemiologista, seria o controle biológico, com mosquitos modificados em laboratórios.
Ao interagir com outros da espécie no ambiente, os insetos fazem com que o Aedes não se reproduza:
– Estamos diante de novos desafios epidemiológicos, como a microcefalia [redução do crânio em bebês de mães infectadas pelo zika vírus], que é uma doença grave, causada pela desorganização social e falta de infraestrutura no país.
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O médico infectologista e professor da Universidade do Vale do Itajaí Pablo Sebastian Velho reforça a necessidade de ações e diz ser importante destacar que é uma responsabilidade também individual. Para ele, muitos cidadãos ainda não se conscientizaram dos cuidados que devem ter para combater o mosquito.
– Essa mobilização é necessária e não deve parar mais. É impossível relaxar quando se fala em doenças infecciosas – completa o infectologista.