Levantamento feito pelo Santa mostra que desde a criação da lei, o número de candidatas nas eleições municipais em Blumenau foi meramente o suficiente para estar dentro da legalidade: 30,88% em 2012 e 30,89% este ano. Um avanço em relação aos anos anteriores (confira nos gráficos), mas que ainda não representa o eleitorado blumenauense. Elas são 52% dos votos na cidade, quase 121 mil vozes com pouquíssima reverberação na Câmara Municipal e apenas 59 opções entre os 191 números possíveis para se digitar nas urnas em 2 de outubro na hora de escolher um vereador. Se todas as eleitoras de Blumenau votassem somente em mulheres este ano, cada uma teria 2.048 votos. Se cada homem fizesse o mesmo, e só votasse em homens, cada um dos 132 candidatos teria 828 votos.

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:: Por que elas são minoria nas eleições de Blumenau?

Mas na prática isso não acontece e as poucas mulheres que se candidatam ainda têm, de forma geral, espaço menor dentro das coligações e, consequentemente, menos votos nas urnas. O que se percebe são chapas compostas por mulheres apenas para obedecer a lei.

– Há de ser feito um mea culpa também, de mulheres que se acomodam e não participam da política. Mas há também um resquício de uma visão antiga, um problema de gênero de que a política é coisa de homem. Embora a visão esteja mudando, ainda há esse pensamento – avalia a professora Queila.

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:: Por que elas são minoria nas urnas de Blumenau?

A dona Maria do Carmo concorda e vê a mesma dificuldade que impedia que mais mulheres fossem eleitas como ela nos anos 1970 e 1980. Diz não entender por que mulher não vota em mulher. Ela, mesmo 20 anos depois de não ser mais obrigada a votar, ainda faz questão de exercer seu direito.

– Enquanto estiver viva e puder assinar, vou continuar votando. Quem não vota não pode reclamar e exigir que as coisas melhorem.