O Tribunal do Júri de Florianópolis julgará na quinta-feira a massagista Ana Raquel Santos da Trindade, 31 anos, pela morte do ex-namorado, o comerciante Renato Patrick Machado de Menezes, 35. Ela afirma que era escrava sexual dele e que o matou para se defender das ameaças e agressões. O júri popular será a partir das 13h30min no Fórum do Centro.

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O crime aconteceu no dia 16 de novembro de 2014, por volta das 14h, na casa de Ana Raquel, nos Ingleses, norte da Ilha de Santa Catarina. De acordo com testemunhas, o homem chegou em uma Caminhonete e entrou pelo quintal. A autora então disparou seis vezes com uma arma calibre 32. A vítima se arrastou pelo quintal e foi para a rua, quando a mulher recarregou a arma com mais seis munições e continuou a atirar.

Em depoimento, a ré afirmou que mantinha relação esporádica com a vítima há dois anos, sendo que nesse tempo sofreu agressões e diversas ameaças, principalmente em relação ao seu filho. Ela relatou que havia registrado múltiplos boletins de ocorrência contra o agressor, mas que as queixas não impediram que a violência continuasse. No dia do crime, ela contou que deixou o portão de casa aberto, pois esperava a visita da mãe e da irmã e que não contava com a presença do ex.

Ana Raquel disse em ainda que se surpreendeu quando viu Renato em sua casa casa partindo para cima dela na cama. A mulher afirma que o advertiu que seria a última vez que ele agiria dessa forma e, ao aproveitar um descuido dele, pegou a arma embaixo da cama e atirou. Renato também foi baleado ao tentar fugir, pois Ana Raquel recarregou a arma e disparou novamente. Após os disparos, a mulher ligou para a polícia. Em juízo, a ré afirmou que havia comprado a arma cerca de dez dias antes em razão das ameaças que sofria do ex.

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A acusada ficou 24 dias presa e ganhou a liberdade por decisão unânime do Tribunal de Justiça de Santa Catarina — os desembargadores entenderam que não representa perigo à ordem pública. O Ministério Público a denunciou por homicídio qualificado (com recurso que dificultou a defesa da vítima) e posse de arma de fogo.

No dia dez deste mês, o Tribunal de Justiça de SC deferiu liminar em habeas corpus da Defensoria Pública autorizando que correspondências de pessoas que não moram em Florianópolis e não terão condições de estar no julgamento sejam juntadas ao processo.

“Escrava sexual”

Em entrevista ao jornal Hora de Santa Catarina dada em dezembro de 2014, a massagista contou que era tratada como escrava sexual do comerciante e que havia sido estuprada por ele várias vezes. Renato vivia em SP e viajava a Florianópolis para ir atrás dela. Ele morreu no hospital 13 dias depois de ser baleado. Vizinhos dela disseram que Renato não aceitava o fim do relacionamento e a procurava na casa.

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