Nesta terça-feira, Maristela Stringhini, 40 anos, deve passar pela primeira cirurgia no Hospital Regional do Alto Vale para recuperar um pouco da pele. A operação ocorre dois dias depois de ela ter sido derrubada da garupa da moto do noivo e arrastada por uma Saveiro por cerca de 700 metros do Centro ao bairro Eugênio Schneider.

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Com o atrito da pele no asfalto, Maristela se feriu nos ombros, no colo, nos joelhos, no rosto e nos seios – o direito mutilado por completo, e o esquerdo, parcialmente.

Também nesta terça a delegada Karla Fernanda Bastos Miguel se reúne com técnicos do Instituto Geral de Perícias (IGP) para começar a definir como e por que o motorista da picape, Julio Cesar Leandro, 21, não percebeu Maristela presa à roda dianteira do veículo.

A responsável da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso começa a buscar indícios, como imagens de câmeras de monitoramento e depoimentos de testemunhas secundárias, para sustentar a acusação de tentativa de homicídio cometida por Leandro.

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Os três envolvidos no acidente – Maristela, o noivo dela, Volni Amorim, e Julio Cesar Leandro – prestaram depoimentos ainda no domingo.

Segundo a delegada, o motorista da Saveiro chorou durante os esclarecimentos e alegou não ter percebido Maristela presa ao veículo.

O taxista Sérgio Luiz Hach, 44, também foi ouvido. Eram cerca de 3h de domingo e o taxista ouviu gritos. Quando a Saveiro se aproximou do ponto onde Sérgio aguarda as corridas na Rua Carlos Gomes, ele percebeu que o barulho não era de um escapamento solto. Eram gemidos de uma pessoa sendo arrastada pela picape.

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– Conforme o carro foi se aproximando eu percebi que era uma pessoa ali. Fui correndo atrás dele, bati na janela do carro e avisei que tinha um ser humano preso ao veículo. Mesmo assim ele continuou. A direção não virava, o carro morreu. Eu corri e gritei. Mas ele fez o carro pegar e continuou subindo a rua Tuiuti – indigna-se Sérgio.

Às 10h40min desta segunda-feira, a mãe de Maristela, Ana Lidia Alves, 71, agradecia a Deus pela filha ter sobrevivido. Depois de passar a noite com a vítima, dona Ana conta que eram mais ou menos 6h de ontem quando a filha conseguiu cochilar sob efeito de analgésicos.

– Isso que aconteceu com a minha filha é uma tragédia. Não consigo pensar em quem foi certo ou errado. Só penso na saúde da minha filha e gostaria que a mãe desse rapaz se colocasse no meu lugar, no lugar da Maristela – ponderou a mãe.

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Maristela mora em Lages, na Serra, com a irmã. Ela trabalha em casa, cuidando do sobrinho pequeno e da filha, de 13 anos. A delegada estima que as investigações devam ultrapassar o período de 30 dias de um inquérito comum e cogita fazer uma reconstituição do caso.

CONTRAPONTO

O que diz Juliano Andreso Paese, advogado de Julio Cesar Leandro:

O advogado confirma que Julio Cesar Leandro, era o motorista da Saveiro que arrastou Maristela Stringhini por cerca de 700 metros. Paese informou que teve acesso nesta segunda ao inquérito e aos depoimentos e que deve conversar com a imprensa nesta terça. Às 14h20min desta segunda, a reportagem esteve na casa da família de Julio Cesar Leandro, porém, ninguém respondeu às tentativas de contato pelo interfone.