— Se você deixar um chaveiro no painel do carro e andar pela rua Copacabana, vai ter uma noção do desnível que é essa rua.
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A afirmação da aposentada Marlene Amélia de Melo, 63 anos, exemplifica qual é a principal característica da sétima rua de Joinville analisada pelo Teste AN. Com pouco mais de dois quilômetros de extensão, a Copacabana é a primeira via de calçamento a ser examinada durante a série. Ela pertence ao bairro Floresta e tem início no cruzamento com as ruas Anita Garibaldi e Independência, na zona Sul da cidade.
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A aposentada mora no local há quase 45 anos. Para Marlene, a principal dificuldade enfrentada — tanto por moradores quanto para quem trafega na região — é a irregularidade no calçamento. O problema não é a rua ser de paralelepípedos, segundo a senhora, mas os buracos acumulados durante os anos, seja por excesso de peso dos veículos, enxurradas ou a falta de manutenção na rua.
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– Essa nossa rua está péssima, é muito buraco e o calçamento está todo irregular – afirma.
Existe planejamento para pavimentar a rua Copacabana, segundo a Prefeitura, entre o trecho que vai da BR-101 até a avenida Antônio Ramos Alvin. A obra seria feita em parceria com o governo o Estado, mas ainda não há previsão de quando irá ocorrer. Quanto ao calçamento irregular, o órgão informou que as informações serão repassadas à subprefeitura da região Sul, que cuida deste trecho. As ações de melhorias serão feitas de acordo com a programação de serviços da unidade.
Durante a última semana, a equipe de ‘AN‘ esteve na Copacabana verificando a situação dos buracos da rua. Pelo menos onze foram contabilizados — o maior deles foi fechado antes do encerramento da matéria — e mais seis bueiros quebrados ou sem tampa.
Marlene anda pouco de carro pela região. Passageira do transporte coletivo, ela conta que o desnível também atrapalha na hora de se equilibrar dentro do ônibus, podendo causar acidentes. Já para os motoristas que trafegam pelo local, a irregularidade nos paralelepípedos não parece ser empecilho para abusar da velocidade, de acordo com a aposentada. A rua também dá acesso à BR-101, e frequentemente Marlene observa carros, caminhões e motocicletas não obedecendo ao limite de velocidade.
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Em toda a extensão, há várias placas sinalizando o limite de 40 km/h, porém não há radares para controlar o fluxo e não há previsão para que sejam colocados, conforme o governo municipal. Na rua também fica a Escola de Educação Básica Professor Rodolfo Meyer. Em frente ao local, a velocidade máxima permitida é de 30 km/h, uma lombada de advertência ajuda a fazer o controle e a segurança do perímetro escolar.
Pouca fiscalização e movimento intenso
À reportagem, moradores e comerciantes informaram que a Copacabana tem fluxo intenso durante todo o dia, mas os principais horários de pico são às 7h, às 11h30 e às 18h. Durante esses períodos, os 700 alunos – 419 do ensino médio e 281 do ensino fundamental – da qual também estão circulando pela região. Uma funcionária do colégio, que não quis se identificar, aponta a rua como perigosa aos estudantes.
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– Apesar da faixa de pedestre aqui na frente, a sinalização está apagada e não tem um radar para controlar. A péssima condição da lombada não ajuda – argumenta.
Existe apenas uma faixa de pedestre e há uma lombada em todo o trajeto. No local, as rampas de acessibilidade estão quebradas. A sinalização vertical, placas de orientação e alerta aos motoristas, está em boas condições, em sua maioria. Entretanto, a sinalização horizontal está gasta ou inexistente. No trecho, não há pintura das faixas de divisão de fluxo.
Na via também fica a Gidion – concessionária do transporte coletivo na zona Sul. A sinalização horizontal ajudaria a melhorar o tráfego dos coletivos que saem da garagem. Segundo a empresa, 650 colaboradores trabalham no local e há 247 ônibus na frota. Conforme a Prefeitura, o Departamento de Trânsito (Detrans) está realizando o levantamento das ruas que precisam receber o reforço da sinalização viária e a licitação está em andamento.
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Passagem não amistosa para bikes e pedestres
As calçadas são outro ponto de atenção para moradores e trabalhadores da região. Os principais problemas são buracos, desníveis e a ausência de piso tátil. As calçadas não são acessíveis para pessoas com deficiência. Em alguns locais, são tomadas pelo mato.
A administração municipal afirmou que a obrigação da conservação da calçada é do proprietário do imóvel. A fiscalização das calçadas é feita pela Secretaria do Meio Ambiente, quando há denúncias de irregularidades. A Prefeitura informou que esses relatos podem ser feitos pelos moradores via Ouvidoria ou pelo site do órgão.
Andar de bicicleta na Copacabana é uma tarefa estressante, segundo o casal de ciclistas Robson May e Priscila Serafim. Os dois moram no bairro Nova Brasília e trafegar na via é rotina. No início da semana, tentavam atravessar a Copacabana, mas por causa da dificuldade resolveram fazer outro trajeto.
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– Nós estamos de bike, mas também passamos aqui de carro. É uma vergonha, uma rua como essa, que faz parte da história de Joinville, deveria ter mais atenção .
O governo municipal planeja ampliar o sistema cicloviário, mas ele depende de avaliação técnica e da infraestrutura do local.
Ferrovia que atravessa a rua Copacabana
Logo no começo da rua, os carros precisam desviar dos paralelepípedos faltantes antes da ferrovia. Duas placas que alertam sobre a passagem do trem estão danificadas. A que solicita a atenção dos motoristas está virada por ação do tempo. A outra – informando sobre infração de trânsito – está derrubada. De acordo com a Rumo, que faz a manutenção, o artigo 24 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) obriga a administração pública a implantar, manter e operar a sinalização, os dispositivos e os equipamentos de controle viário.
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A Prefeitura informou que os reparos na via perto do trilho serão encaminhados à subprefeitura da região Sul. Quanto à sinalização, a Rumo informou que no início do ano, em acordo com o município, substituiu as sinalizações verticais nas passagens de nível da cidade.
Além desta situação, a dona de casa Ivone Damas, 60 anos, reside às margens da linha de trem. Para ela, a ferrovia gera transtorno aos moradores.
– Às vezes, o trem passa no final da madrugada, o barulho incomoda quem mora aqui perto. Fora a trepidação dentro de casa – completa.
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