O número de mortes violentas em Santa Catarina cresceu 14,6% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2016 – 588 casos contra 513. O índice considera assassinatos, latrocínios, lesão corporal seguida de morte e em confronto com a polícia.

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O aumento foi puxado principalmente pelas três maiores cidades catarinenses, que registraram crescimento acentuado de ocorrências. Na Capital, o número de casos subiu 126% no período, enquanto em Joinville cresceu 45% e em Blumenau, 60%. Juntas, elas registram mais de um terço dos crimes neste ano. Dos 10 maiores municípios, somente as três registraram aumento. As outras sete tiveram redução ou mantiveram o número de 2016, caso de Palhoça, na Grande Florianópolis.

Tanto Joinville quanto a Capital têm enfrentado o aumento da violência com a disputa pelo comércio de drogas entre duas facções criminosas. Apesar da guerra entre o crime organizado, duas pessoas foram vítimas de latrocínio nas últimas semanas em Florianópolis. O primeiro caso aconteceu no bairro Saco dos Limões, em 5 de agosto, quando um motoboy foi morto durante o trabalho. O segundo foi registrado no bairro Capoeiras. Até ontem, a cidade acumulava 112 mortes violentas.

Na última semana, durante a inauguração do novo complexo da Secretaria de Segurança Pública (SSP), o secretário da pasta, Cesar Grubba, minimizou os números. Disse que Florianópolis e Santa Catarina ‘não fogem à regra dos outros 26 Estados’.

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– Existem organizações criminosas que estão guerreando entre si. Temos feito apreensões de toneladas de drogas e de centenas de armas – argumentou Grubba.

No quesito latrocínios, que são os roubos seguidos de morte, houve queda de 18% em Santa Catarina de janeiro a junho ante os seis meses de 2016.

Crimes passionais crescem no Vale

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Blumenau também sofre com o crescimento no número de crimes. No ano passado inteiro foram 31 casos, enquanto nos primeiros seis meses de 2017 já são 24. Com efetivo reduzido, a Polícia Civil do município enfrenta também dificuldade nas investigações, o que causou uma redução nos índices de resolutividade dos assassinatos.

Diferente de Joinville e Florianópolis, a cidade do Vale também registrou aumento de mortes passionais, crime difícil de prever, segundo o delegado responsável pela Divisão de Investigações Criminais de Blumenau, Bruno Effori.

– A maioria é por motivos passionais. O tráfico tem relação com alguns casos, mas não prepondera. Mas esse fator também prejudica e contribui para o aumento das mortes – diz.

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Apoio da comunidade puxou números para baixo em Criciúma

O número de mortes violentas em Criciúma é o menor dos últimos anos para o período – de janeiro a junho. Foram 10 casos registrados na cidade do Sul do Estado neste ano, enquanto em 2016 ocorreram 22. Em 2015, esse índice foi de 33.

O comandante do 9º Batalhão da Polícia Militar, Evandro Fraga, destaca o envolvimento da comunidade para o decréscimo. Uma rede envolvendo conselhos de segurança e órgãos públicos foi fator decisivo:

– Sem a comunidade, dificilmente conseguiríamos. Nos anos de 2013, 2014 e 2015, a gente procurava rapidamente identificar os autores, mas havia um silêncio muito grande nas comunidades. Com a PM e a Polícia Civil construindo relações, as pessoas ficaram mais encorajadas.

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Um dos exemplos desta relação, a PM estabeleceu parceria com colégios da cidade. Após as gincanas escolares, os vencedores ganhavam passeios feitos com o micro-ônibus da corporação. Para reduzir os índices de violência, o batalhão local ainda fixou metas. Além disso, instalou um quartel na região do bairro Boavista, onde em 2015 houve confrontos entre suspeitos e policiais.

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