Morreu aos 79 anos, na manhã desta quinta-feira (30), o cineasta Penna Filho. Desde 2012 ele lutava contra um câncer no fígado. No início deste ano decidiu seguir o tratamento em casa na companhia da família.
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Natural de Vitória, no Espírito Santo, vivia há 25 anos em Florianópolis. O corpo será velado das 16h30min de quinta até às 9h de sexta na Capela do Cemitério da Lagoa da Conceição, bairro em que morava, e depois seguirá para Balneário Camboriú, onde será cremado após uma cerimônia reservada para familiares e amigos íntimos.
Penna Filho deixa uma extensa filmografia que inclui as obras Doce de Coco, Um Craque Chamado Divino e Naturezas Mortas. Seu trabalho mais recente, o curta-metragem Esplendideza, que trata do folclore ilhéu e contou com a direção de sua filha, a também cineasta Fabiana Penna, foi gravado em abril e está em fase de finalização. A previsão é de que seja lançado até o final do ano. Das Profundezas, seu último e inédito longa, será exibido em junho no Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM).
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Penna Filho deixa mulher, duas filhas e dois netos.
– Ele morreu trabalhando, fazendo o que gostava. A maioria da família também trabalha na área, somos muito unidos e vamos continuar fazendo cinema com muito amor e carinho. Também pretendemos preservar e tornar acessível a filmografia deixada por ele – afirma Fabiana.
Carreira premiada
Ainda adolescente, Penna Filho começou a trabalhar no rádio, atuando em emissoras capixabas até 1958. Ao longo desse período, exerceu funções, como locutor, rádio-ator, redator, repórter, produtor e diretor artístico. Paralelamente, atuou como repórter e redator na imprensa escrita.
Até o início da década de 70 tornou-se um dos profissionais mais requisitados do cinema paulista, acumulando trabalhos de assistente com a direção de comerciais para televisão e institucionais, participando dos 26 episódios do seriado Águias de Fogo e assinando três longas.
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Em 1987, escreveu e dirigiu o especial Flor, Telefone, Morte, inspirado no conto Flor, Telefone, Moça, do livro Contos de Aprendiz, de Carlos Drummond de Andrade, para interpretação dos atores Carla Camuratti e Enio Gonçalves.
Há 25 anos mudou-se para Santa Catarina, onde trabalhou com publicidade e vídeos educativos até retornar ao cinema com o filme Naturezas Mortas (1995) – curta premiado em diversos festivais, incluindo o Kikito do Júri Popular em Gramado.
Em 2006, retornou aos longas com o documentário Um Craque Chamado Divino, sobre Ademir da Guia, um dos mais expressivos nomes do futebol brasileiro das décadas de 60 e 70. Doce de Coco, vencedor do Prêmio Cinemateca Catarinense, e Das Profundezas, que trata da greve histórica dos mineiros de carvão no Sul do Estado no final dos anos 80, foram seus últimos trabalhos de longa-metragem.
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“Fica a lembrança de um humanista, um homem que expressava no cinema suas preocupações com a política e a sociedade. Além de um grande profissional, Penna Filho era um grande amigo.”
Édio Nunes, ator
Trabalhou em várias produções de Penna Filho, entre elas o longa Doce de Coco
“Dedicou-se ao ofício do cinema até seus últimos dias. Era muito convicto de seus ideais políticos, além de ser um homem lúcido e ponderado.”
Luiz Henrique Cudo, ator
Trabalhou em Das Profundezas, último longa-metragem do cineasta
“Penna é uma referência para mim. Minha primeira experiência em um set de cinema foi no filme Naturezas Mortas, em 1995. Tive a honra de trabalhar com ele novamente em Das Profundezas. Era um homem que acreditava muito no que fazia, era atento e sabia ouvir as pessoas.”
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Marx Varmelatti, diretor de fotografia