O clima ainda segue muito tenso no Morro do Horácio, em Florianópolis. Durante a noite desta segunda-feira, policiais militares seguiram com incursões na comunidade, quatro dias após a morte do soldado Vinícius Alexandre Gonçalves, 31 anos.

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Os PMs subiam e desciam o morro com viaturas em alta velocidade ou ocupavam espaços mais altos. Carros que acessavam a Rua Antônio Carlos Ferreira eram parados pelos agentes, e vários motoristas tiveram os veículos recolhidos. Moradores penduraram bandeiras brancas na rua.

No domingo, um grupo de moradores do Horácio protestou em frente à Casa d’Agronômica. O motivo, segundo eles, são as ações policiais violentas que estão acontecendo no morro desde a morte do PM, atingindo por um tiro em uma operação.

O grupo desceu o morro segurando cartazes e gritando palavras de ordem. De acordo com Danilo Novais, vice-presidente da Associação de Moradores, policiais estariam invadindo a casa das pessoas à noite sem mandado e vasculhando em busca de armas e drogas, agindo com violência em frente a mulheres e crianças, pessoas que não estão relacionadas ao tráfico de drogas.

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— Tem morador chegando em casa do trabalho e encontrando a casa toda vasculhada. A comunidade está sendo oprimida, pressionada para dizer quem matou o policial, pessoas de bem estão sendo sofrendo truculência — relatou.

Uma moradora que não se identificou disse que após a manifestação, os policiais entraram em um beco, mandaram todos saírem de casa e agrediram mulheres e adolescentes, e que no carro que os agentes estavam havia uma pá e uma picareta. Outros moradores relataram que tiveram o carros recolhidos mesmo sem irregularidades.

Na noite após a morte de Vinícius, um homem de 22 anos, identificado como Lucas Luiz Martinez de Almeida, foi morto durante as buscas pelo suspeito de atirar contra o policial. Outro homem, André Luiz de Oliveira, que foi reconhecido por um policial como autor do disparo, também ficou ferido em uma troca de tiros e foi preso.

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Para a advogada dos moradores, Daniela Felix, a comunidade está sofrendo retaliação pela morte do agente.

— Já provocamos as comissões de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e da OAB e a Defensoria Pública para tentar o diálogo com o comando-geral da PM. A comunidade é trabalhadora, as pessoas que ficam e resistem não são as pessoas que eles buscam, então a violação de direitos não pode acontecer. A comunidade também não pode ter suspensos serviços essenciais como os ônibus e o caminhão do lixo, que está acumulando.

Segundo o tenente-coronel Marcelo Pontes, comandante do 4º Batalhão, a polícia está agindo dentro da legalidade, e qualquer ato que a comunidade entenda ser irregular deve ser denunciado para a corregedoria:

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— Não entendo essa reação, estamos lá justamente para dar paz, para dar segurança. Vamos continuar fazendo operações no morro em busca de armas, temos informações da inteligência e continuaremos lá — afirmou.

Na noite desta segunda-feira um homem foi preso com mandado de prisão em aberto no Morro do Horácio.