Apesar de a Prefeitura de Araquari ter decretado situação de emergência pela falta de água e da Casan ter prometido retomar o abastecimento no Itinga em 24 horas na última quinta-feira, a água continua chegando às casas por meio de caminhões-pipa e não da torneira.
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A compra de um reservatório de cinco mil litros melhorou consideravelmente a situação da família Velem, que vive na rua Santa Fé, loteamento Santa Mônica, uma das regiões mais atingidas da zona Norte da cidade.
A dona de casa Ivanir Souza de Velem, 50 anos, conta que o caminhão-pipa veio pela última vez na segunda-feira de meio-dia. Em compensação, a água na torneira não chega a casa dela desde 4 de dezembro do ano passado.
-Agora para mim vai durar bastante, já que estamos só em três pessoas (ela, o marido e o filho)-, comemora a moradora.
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Segundo ela, o caminhão está passando a cada quatro dias. Dona Ivanir e o marido Atanir José de Velen, 51 anos, contam que decidiram comprar um reservatório do dobro do tamanho do que há no alto da casa após passar apuro com visitas no fim do ano passado.
-A gente passou o Natal e o Réveillon no seco. Recebi visita de parentes do Paraná e tive que levá-los na casa de vizinhos que tem poço para eles tomarem banho e comprar água para cozinhar-, relata Ivanir.
Para que a água do reservatório de cinco mil litros que está no terreno chegue até a caixa de água no alto da casa, seu Atanir explica que instalou uma bomba que manda a água para cima.
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Como forma de reaproveitar a água da chuva, o casal de moradores também prendeu a uma das calhas da casa uns panos que além de filtrar, também direcionam a água para um tambor. Essa água, de acordo com dona Ivanir, é utilizada na lavação das calçadas e no banheiro.
Problema há 22 dias
Bem próximo dali, na rua Santa Mônica, no entanto, o casal Maria Célia Pereira, 50 anos, e José Célio Pereira, 54 anos, alegam que o caminhão-pipa ainda não apareceu.
-Faz 22 dias que não vem água aqui em casa. Pegamos água do vizinho e na casa de nossa filha, que tem poço-, explica dona Maria.
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A diarista conta que aproveita para tomar banho na casa em que trabalha em Joinville, assim já poupa a água que tem guardada em casa para outra atividades, como cozinhar. Nos fundos do terreno em que mora, o casal guarda um reservatório de mil litros, presente de um genro, que está vazio a espera do caminhão.
Contraponto
Conforme o superintendente da Casan para o Norte do Estado, César Luis Cunha, na manhã de segunda-feira começaram a ser construídos dois sistemas de tratamento de água no Itinga.
Um no loteamento Santa Mônica, previsto para ficar pronto nesta sexta-feira e outro no loteamento Mário Dunzer. Cada sistema vai contar com um reservatório de 20 mil litros de água.
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Técnicos da Casan também já identificaram dois locais para perfuração de poços artesianos. Segundo César, os projetos já estão prontos, faltam apenas as licenças ambientais para que sejam iniciadas as perfurações. O superintendente ressalta no entanto, que só vai ser possível saber se o poço vai dar água, após a abertura.
Zona Sul de Joinville com problemas
Os moradores dos pontos mais altos de bairros na zona Sul de Joinville, que estão localizados no fim da rede de distribuição, continuam sofrendo com o desabastecimento. Entre eles, os da rua Lagoa Azul, no bairro Santa Catarina.
-Tenho dois filhos pequenos, um de cinco meses e uma de cinco anos, e não temos água para nada em casa: louça, roupa, banheiro e até mesmo chegamos a ficar sem água para beber-, desabafa uma moradora, que preferiu não se identificar.
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A moradora se queixa que desde que foi morar na rua, só tem água de madrugada.
-Não queremos mais isso, queremos água o dia todo e todos os dias. O detalhe é a minha última conta de R$ 105, sendo que quase nunca temos água-, questiona.
O coordenador de água da Companhia Águas de Joinville, Bruno Gentil, justifica que equipes estão procurando vazamentos ocultos na região, que poderiam explicar o desabastecimento, todos os dias. Assim como a procura por ligações clandestinas. O coordenador também atribui a falta de água ao alto consumo.
Segundo Bruno, um encontro entre representantes da companhia e os moradores da rua Lagoa Azul na noite da última segunda-feira definiu que os três caminhões pipa que estão abastecendo a zona Sul passem duas vezes por semana, após as 18 horas, na rua para abastecer os reservatórios dos moradores.
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Bairros como o Paranaguamirim, o Jativoca, o Profipo e o Itinga também tem ruas que, por conta da falta de água, também estão sendo abastecidas pelos caminhões pipa contratados pela Águas de Joinville.