O Ministério Público enviou um ofício à Delegacia de Polícia Civil de São Francisco do Sul solicitando abertura de inquérito para investigar o caso do adolescente de 16 anos que teria sido agredido por um policial militar. De acordo com o delegado Leandro Lopes de Almeida, que assumiu a delegacia na semana passada, o ofício do MP chegou na quarta-feira. Ele disse que já pretendia instaurar o procedimento mesmo antes de receber a manifestação do MP.

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Mulher que presenciou abordagem revela detalhes de ação da policial

O boletim de ocorrência foi registrado pela família logo após o fato. Um inquérito policial militar também foi aberto para investigar a conduta do cabo da PM que atua no patrulhamento tático de Joinville. O PM trabalhava na Operação Veraneio no dia da abordagem. Ele ainda não foi afastado da função.

O major que conduz o procedimento interno da corporação, Jailton Franzoni, disse que já iniciou a fase de depoimento dos policiais que participaram da ação. Dois policiais de São Francisco foram ouvidos nesta quarta-feira. O policial acusado será ouvido por último.

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– A Polícia Militar não compactua com agressões. Não é assim que apredemos na escola de formação. Pode ter certeza que estamos investigando e colhendo todo o material necessário para concluir o inquérito – garantiu Franzoni.

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O adolescente recebeu alta do Hospital Infantil nesta quarta-feira, mas continuará sendo acompanhado pela equipe médica da unidade. De acordo com o pai – que não será identificado para preservar o adolescente -, ele precisa fazer exames duas vezes por semana. O pai relatou que o garoto continua com problemas na fala. Ele tem dificuldade para reconhecer algumas pessoas e se irrita toda vez que não consegue pronunciar as palavras.

– Dá uma tristeza de olhar. Ele está muito sentimental, chora e abraça a irmã como se estivesse se despedindo e fica irritado por não conseguir falar – lamentou o pai.

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Entenda o caso

A suposta agressão ocorreu durante uma abordagem da Polícia Militar, por volta de 21 horas do dia 12 de fevereiro. A madrasta do garoto que é proprietária de um estabelecimento comercial na rua onde ocorreu o fato, relatou à reportagem de “AN” o que presenciou naquela noite.

Ela conta que os policiais param as viaturas em frente ao comércio dela e anunciaram a abordagem. Eles teriam mandado todos colocarem as mãos na cabeça e encostarem na parede. Ela disse que o garoto estava acompanhado do pai aguardando ela fechar o estabelecimento para irem todos juntos para casa.

– Perguntei de imediato se era uma denúncia de alguma coisa, o porquê daquilo, mas não responderam.

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Segundo a madrasta, o garoto se virou na direção do policial e acabou levando um golpe na boca. A violência da pancada teria derrubado o garoto no chão. A mulher afirma que os policiais não deixaram o pai e outras pessoas prestarem socorro ao garoto até que a abordagem terminasse.

O jovem foi levado ao hospital e passou por exames. No dia seguinte, sofreu várias convulsões e retornou ao hospital, onde ficou internado até quarta.

A reportagem procurou ouvir a versão do policial, mas a corporação preferiu não se posicionar ou permitir entrevista com o PM acusado até que o inquérito seja concluído.

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Confira um vídeo com o depoimento da mulher que presenciou a ação policial: